Além do impacto sobre as exportações, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março, também teve influência sobre o paladar do brasileiro.
A carne que tem menos saída por aqui, a suína, vem ganhado espaço após o escândalo, que afetou, sobretudo, o segmento de frangos e bovinos. Tanto que o abate de suínos cresceu 1,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, fechando o segundo trimestre (abril a junho) com 10,62 milhões de cabeças abatidas.
Foi o melhor resultado para o período desde o início da série histórica, em 1997, e o único número positivo entre as proteínas animais. O abate de bovinos, por exemplo, caiu 3,7% em relação ao mesmo período de 2016 e o de frangos, 4,5% na mesma comparação.
Segundo o IBGE, o desdobramento da Operação Carne fraca foi um dos fatores que desestabilizaram o segmento e levaram à queda de produção em abril.
- Alguns estabelecimentos tiveram paralisações em abril, inclusive com férias coletivas. Tivemos quedas na produção de todos os tipos de carne. No mês de maio, tivemos uma retomada a níveis anteriores, quando os frigoríficos paralisados voltaram à atividade normal – explica Angela Lordão, supervisora da Atividade Pecuária do IBGE.
Além das consequências da operação da Polícia Federal, o preço da carne suína, menor em relação à bovina, também favoreceu o crescimento deste tipo de proteína, sobretudo diante do cenário de crise econômica. A pesquisadora do IBGE complementa que a mudança chegou após o setor produtivo realizar pesquisas de mercado para avaliar os gargalos no consumo e conseguir superar o preconceito em torno da carne suína, considerada menos saudável que a bovina e a de frango.
- Hoje, essa mentalidade em relação à carne suína vem mudando, com novos cortes implementados pela indústria – salienta.
Fonte: Gazeta do povo