Apesar de obter até o momento uma redução de 20% do número de focos de calor neste ano se comparado ao mesmo período de 2016, Mato Grosso vem registrando incêndios de grandes proporções em seis importantes unidades de conservação da natureza. Entre elas, a área de proteção ambiental (APA) e o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e a Reserva do Patrimônio Particular Natural do Sesc Pantanal, considerada a maior do país.
O fogo também consumiu a Serra do Ricardo Franco, que fica Vila Bela da Santíssima Trindade, a Gruta da Lagoa Azul, localizada em Nobres e a área de Nascentes do Rio Paraguai, na divisa de Diamantino e Alto Paraguai.
Até o último dia de agosto deste ano, o Estado contabilizava 12.782 focos contra 16.127, no ano passado. Contudo, em relação à média dos últimos 10 anos no mesmo período, verificou-se um aumento de aproximadamente 11,14% em nível estadual, de 41,72% na região da Amazônia Legal e de 36,18% a nível nacional.
Em Chapada, o Corpo de Bombeiros informou que o fogo já não oferecia mais risco ao parque nacional, que teve 225 hectares destruídos pelo fogo. Contudo, os trabalhos de combate prosseguiam no lado sudoeste, na região do Distrito do Coxipó do Ouro, já em Cuiabá. Na APA, outros 4.510 hectares também foram atingidos.
- O incêndio também atingiu imóveis rurais particulares, causando prejuízos patrimoniais a inúmeros proprietários – informou.
Na reserva particular do Pantanal, 13 militares do Batalhão de Emergenciais Ambientais (BEA) e 20 brigadistas atuavam no combate às chamas, que até anteontem já tinham alcançado 1500 ha. Por lá, o incêndio chegou a ser controlado no setor norte, com a construção de aceiros (uma faixa livre de vegetação). Mas, na frente sul, o fogo ganhou força, em especial nos horários mais quentes do dia, ou seja, entre meio dia e o fim da tarde. Mais de 30 mil litros de água foram lançados no local.
Já na Serra Ricardo Franco, produtores rurais auxiliam os bombeiros a combater o fogo. Na região, vivem cerca de 120 famílias em pequenas, médias e grandes propriedades. Este é o segundo incêndio florestal em menos de um mês no local, sendo que cerca de 7 mil hectares (cada hectare equivale a um campo de futebol) de área verde foram destruídos.
Outra área atingida é da Nascente do Rio Paraguai, onde um dos grandes problemas enfrentados foi a dificuldade de acesso ao local onde o fogo se concentrava. Segundo CB, o foco foi controlado ainda ontem pela manhã.
Conforme os Bombeiros, apesar do período seco estar tão severo em Mato Grosso quanto no restante do Centro-Oeste, as estratégias de enfrentamento a queimadas ilegais têm apontado o caminho para o estado apresentar números diferentes do restante do país.
- O CBM tem apostado na parceria com prefeituras para montagem de brigadas mistas para o combate a incêndios florestais. Apesar da brigada ser um mecanismo de combate aos incêndios já em andamento, a presença de uma equipe de resposta às ocorrências ambientais tem sido inibidora do crime – avalia.
A corporação entende ainda que as prisões também colaboram com a redução de ocorrências do crime contra o meio ambiente. A pena varia de acordo com o tamanho do dano ambiental e dos prejuízos causados a terceiros.
O período proibitivo de queimadas segue até o dia 30 de setembro e pode ser prorrogado se as condições climáticas de calor e seca se mantiverem. A limpeza de terrenos urbanos com uso do fogo é proibida durante todo o ano.
Fonte: Diário de Cuiabá