Julho foi mais um mês de redução dos preços pagos pelo leite aos pecuaristas de Minas Gerais. De acordo com o levantamento feito pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço médio líquido recebido pelos produtores mineiros foi de R$ 1,24 o litro, em julho, referente à produção entregue em junho, uma queda de 2,94% frente ao mês anterior. Fatores como a queda de consumo provocada pelo menor poder de compra das famílias e a maior captação contribuíram para os valores menores. De acordo com os dados do Cepea, o preço médio bruto praticado em Minas Gerais chegou a R$ 1,36, valor que ficou 2,86% menor quando comparado com o valor recebido em junho.
Em Minas, na comparação com julho de 2016, foi verificado recuo de 12,05% no valor líquido do litro de leite, que caiu de R$ 1,41, praticado em julho de 2016, para R$ 1,24 em julho de 2017. No valor bruto, a retração chegou a 11,68%, com a cotação do litro de leite caindo de R$ 1,54 para R$ 1,36 em julho de 2017.
A queda verificada em Minas Gerais também foi vivenciada na média Brasil, que é composta pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia. Na média, o preço líquido recuou 2,7% frente a junho, com o litro de leite negociado a R$ 1,23. O preço ficou abaixo do registrado em julho de 2016, com recuo de 12,8%. A diminuição dos preços do leite no campo esteve atrelada à demanda ainda enfraquecida por lácteos e ao aumento da captação.
Captação - Os fatores que estão provocando a queda nos preços pagos aos produtores são o consumo enfraquecido e o aumento da captação. Enquanto a captação está em alta, o consumo vem caindo em função da crise econômica e do aumento do desemprego. Além disso, os preços do leite no mercado internacional apresentaram queda e as importações promovem uma concorrência predatória. Toda essa conjuntura contribui para a redução dos preços – explicou o diretor da FAEMG, Rodrigo Alvim.
Mesmo com o clima seco e a falta de chuvas, a captação de leite em Minas Gerais cresceu 2,97% em junho, o que também contribuiu para a redução dos preços no campo. No País, o Índice de Captação de Leite (Icap-L), calculado pelo Cepea, aumentou 6,8% de maio para junho.
Apesar do momento de entressafra do leite na região Sudeste, quando as chuvas e as pastagens são escassas, os preços menores da soja e do milho contribuem para o fornecimento de concentrado para o rebanho, o que vem impulsionando a captação.
- Pelo menos este ano, o custo de produção arrefeceu e está 14,8% menor que o praticado no ano passado, quando os preços da soja e do milho estavam muito altos. Com a safra recorde de grãos, os preços caíram, e isso foi importante por dar um respiro, um alívio ao produtor de leite para tolerar a crise – disse Alvim.
Melhoria genética
Alvim destaca que o mercado do leite está agindo de maneira contrária ao que historicamente acontecia. Isto porque, nos anos anteriores, a queda de preços acontecia durante a entrada da safra, que acontece entre o final de setembro e o início de outubro. Porém, a redução dos preços vem ocorrendo ao longo da entressafra.
- Os produtores estão se especializando e investindo na melhoria genética do rebanho, o que eleva a produtividade de forma que a sazonalidade, que no passado chegou a 50%, ou seja, na época da chuva no Sudeste a produção chegava a ser 50% maior que no pico da entressafra, não acontece mais. A sazonalidade agora gira em torno de 10%. -
Expectativas – Ainda segundo Alvim, a captação de leite em Minas Gerais deve ter crescido 2,4% em julho, o que poderá afetar de forma negativa os preços de agosto. Porém, a expectativa é que a produção e os valores se estabilizem entre setembro e outubro, quando os preços dos grãos tendem a ficar mais altos e se inicia a recuperação das pastagens.
Fonte: Diário do Comércio