As variações de preço apresentadas pelo frango vivo em São Paulo sempre foram, para toda a avicultura brasileira, o referencial primário das condições de mercado. Aliás, não só para a avicultura, mas também para atacadistas e varejistas. Porque, além de indicadores das condições de oferta e procura do produto, os preços da ave viva sempre balizaram os valores praticados nos segmentos de comercialização posteriores à criação.
Mas isso agora é passado. Pois em momento algum de sua história o frango brasileiro enfrentou tribulações e desafios como os observados a partir de março. E, no entanto, a ave viva comercializada no interior paulista passou por, praticamente, todo esse período (123 dias completados em 31 de julho) alheia a tudo o que ocorreu e sem qualquer mudança em sua cotação: R$2,50/kg. Enquanto isso, o frango abatido, refletindo as variações na oferta e na procura, operou com preços que variaram desde um máximo de R$3,60/kg até um mínimo de R$2,90/kg – diferença de quase 25% entre o máximo e o mínimo (base: preço médio do frango resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo nos 120 dias decorridos entre 31 de março e 28 de julho de 2017).
Em outras palavras, as análises de mercado do frango partindo do desempenho das aves vivas no interior de São Paulo já não têm maior significação. Pois, por exemplo, o simples fato de seu preço manter-se inalterado há mais de 120 dias deixa a impressão de que o mercado se manteve estável durante todo esse período. E isso não é verdade, haja vista, também, que no mesmo espaço de tempo o preço do boi em pé recuou mais de 12% e o do suíno vivo (agora em recuperação) chegou a cair quase 18%.
De toda forma, registre-se que, a despeito da variação “zero” em relação a junho passado e aos outros dois meses anteriores, em julho o valor do frango vivo ficou 15,25% abaixo do registrado um ano antes, enquanto no ano alcança valor médio – R$2,57/kg – 6,22% menor que o obtido na média dos doze meses de 2016.
A acrescentar, ainda, que a atual média está aquém, igualmente, da média anual registrada em 2015 (R$2,62/kg). E se, nominalmente, a diferença a menos não chega a 2%%, em valores reais – isto é, levando em conta a inflação acumulada em mais de ano e meio – se encontra não muito distante dos 10%.
Fonte: Avisite