As cooperativas são uma das principais ferramentas da agricultura familiar para investimento e custeio da safra. Para 2015/ 2016, mesmo em um cenário de aumento nos custos de produção, o setor mantém as apostas no pequeno produtor.
É o caso do banco cooperativa Sicredi, que destinará um aporte total de R$ 9 bilhões a este segmento para a safra que teve início no último dia 1. Em 2014/2015, quando foram liberados R$ 8,2 bilhões, já houve um aumento de 11% em relação ao ciclo anterior.
Apostas
- O público associado a nossas cooperativas tem um perfil de pequeno produtor. Ao partir deste princípio, pretendemos manter o foco no atendimento desse perfil – afirma o superintendente de crédito rural da instituição, Antonio Sidnei Senger.
No ciclo 2014/2015, 72% das operações realizadas foram direcionados a estes públicos. Para esta safra, a estimativa é que o percentual atinja cerca de 80% do total.
Ao grande produtor, o principal entrave foi o aumento dos juros, fixados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na média de 8,75%. O recurso mais caro trouxe um temor de restrição na concessão de crédito por parte das instituições financeiras. Analistas de mercado ouvidos pelo DCI acreditam que este cenário fará com que o dinheiro dos bancos seja usado para custeio de 30% a 40% da safra, o restante será investimento próprio ou operações alternativas, como a troca (barter).
Senger conta que o agricultor familiar se encontra em uma situação mais confortável que a dos grandes produtores, por conta dos benefícios oferecidos pelo governo federal.
- Existem ferramentas de seguro e garantia de renda que favorecem este segmento. No Sicredi, os valores de financiamento não são altos, costumam ficar abaixo dos R$ 30 mil, o que também facilita a liberação. Sendo assim, acredito que os pequenos não terão a necessidade de usar outras alternativas de crédito e devem tomar integralmente, de acordo com necessidade da lavoura – justifica o executivo.
Após as avaliações técnicas com o planejamento completo da safra, o agricultor pode encaminhar a proposta para a cooperativa e a concessão funciona a partir de um limite pré-aprovado. Segundo Senger, isso agiliza o processo. Operações de maior porte e novos tomadores passam por uma avaliação mais completa.
Plano Safra
Divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Plano Safra da Agricultura Familiar conta com R$ 28,9 bilhões em recursos para financiamento e custeio do governo federal. Os juros são fixados entre 2% e 5,5%, com um aumento de dois pontos percentuais no teto da taxa.
Em nota, o Banco do Brasil informou que destinará R$ 17,7 bilhões ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), um incremento de 11% em relação ao último ciclo. O Pronaf Mais Alimentos, voltado especificamente aos pequenos, terá R$ 7,8 bilhões.
No caso da cooperativa de crédito Sicredi, cerca de R$ 1,5 bilhão do montante deve ser liberado em operações com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). Com isso, será atingido o valor total de R$ 9 bilhões previsto pela instituição financeira.
Fonte: DCI