Uma das razões da alta dos preços internacionais do trigo são os problemas experimentados em praticamente todas as regiões produtoras do Mundo. A análise é da Consultoria Trigo & Farinhas, que aponta seca no norte dos Estados Unidos e nas Pradarias do Canadá, o que reduziu substancialmente a produção.
A classificação boa/excelente de apenas 35%, aplicada à colheita de trigo da primavera dos Estados Unidos pelo USDA na noite anterior, implica um rendimento de 29,3 bushels/acre (1.914 kg/ha), comparada com 47,2 bushel/acre (3.173 kg/ha) obtidos no ano passado. No Canadá as chuvas estão sendo insuficientes no sul da província de Alberta, sul de Saskatchewan e sul de Manitoba, onde continuam as temperaturas excessivamente quentes, segundo a empresa de meteorologia MDA.
Na Europa, a consultoria Strategie Grains, em relatório mensal divulgado na semana passada, projetou a safra 2017 de trigo soft da União Europeia em 140,7 milhões de toneladas, quase 1 milhão de toneladas a menos na comparação com a estimativa anterior e agora apenas 3 por cento acima da mínima do ano passado, após a pior colheita em três décadas na França.
‘A Austrália produzirá pela primeira vez em mais de 20 anos menos de 20 milhões de toneladas (ano passado foram 35 milhões). O Rio Grande do Sul também está enfrentando forte seca, que deverá diminuir ainda mais a estimativa de produção do estado. Já na Argentina o problema é o excesso de chuvas, que impediu o plantio em mais de 100 mil hectares e também deverá impactar na produtividade do trigo produzido no país.
“Todos estes eventos já repercutiram nos preços do mercado físico, que subiram de US$ 224/t para US$ 264/t, uma alta de 17,85% no Golfo do México nos últimos 30 dias. Na Rússia, maior exportador mundial, os preços subiram US$ 4/t apenas nesta semana, mostrando a possibilidade concreta de aumento dos preços. Para o Brasil isto significa aumento nos preços de importação, que puxam os preços internos”, aponta o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.
Como consequência, cálculos realizados sobre as relações entre os mercados apontam para um aumento dos percentuais entre estoques/consumo. No relatório de Oferta e Demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) da última quarta-feira o percentual foi de 12,99%, contra 19,84% na mesma data do ano passado e 22,2% na safra 2007/8, quando os preços também subiram.
“Esta queda nos percentuais mostra menor disponibilidade e deve servir de munição para uma alta de preços daqui para frente, principalmente agora que não há mais empecilho técnico por parte do gap que havia nos gráficos, fechado na última quinta-feira”, conclui Pacheco.
Fonte: Agrolink.
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