Apesar da perspectiva de reduzir o custo do frete dos grãos do cerrado pela metade, a Ferrogrão poderia criar um novo e grande problema para os produtores: uma espécie de “efeito JBS”. Do mesmo modo que os pecuaristas da região ficaram nas mãos de um único frigorífico, com a criação do “campeão nacional”, os agricultores acabariam ainda mais dependentes das tradings, que controlariam o novo modal de transporte.
- Uma ferrovia controlada por quem detém um monopólio de carga preocupa – diz Luciene Machado, superintendente da área de saneamento e transportes do BNDES. – Mas, apesar de haver uma discussão importante sobre um operador ferroviário independente, num investimento desse porte, no qual é mandatório o uso de recursos privados, faz sentido que as tradings estejam inseridas (como controladoras). -
Para a executiva, porém, é preciso equilibrar os interesses e resolver possíveis conflitos para não condenar os produtores a ficar eternamente sem alternativa de transporte mais eficiente do que o rodoviário.
- Eliminar a ferrovia seria um jogo de perde-perde – diz ela.
Tarcísio Freitas, secretário de Coordenação de Projetos da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), concorda e afirma que a Ferrogrão interessa principalmente às tradings. Ele reconhece, no entanto, que os produtores também serão beneficiados.
- Esse projeto é importante porque ajudaria a reduzir o gargalo logístico, uma questão crônica no Brasil. -
Fonte: Estadão