Nos dias 24 e 25 de junho, foram realizadas a 13ª Reunião Técnica Estadual da Mandioca e a 5ª Reunião Técnica Estadual da Batata-doce, no Parque Municipal de Exposições de Cerro Largo, município na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Apenas no primeiro dia, cerca de 250 participantes compareceram, entre técnicos, agricultores e representantes de agroindústrias. A proposta foi debater possibilidades para desenvolvimento das culturas e estimular suas produções comerciais. Atualmente, a maioria da mandioca e batata-doce gaúchas vêm da agricultura familiar, mas apenas uma pequena parte disso é voltada à comercialização.
Os pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), Marco Rangel e Vanderlei Santos falaram sobre o panorama da produção de mandioca no Brasil e sobre o trabalho de melhoramento genético, respectivamente. Embora a mandioca seja uma cultura brasileira, com grande variabilidade genética presente no país, o Brasil ocupa o terceiro lugar em produção, com 26,3 milhões de toneladas, ficando atrás da Nigéria e da Tailândia.
Além disso, existem poucos pesquisadores trabalhando com a cultura em nível nacional para geração de novas cultivares e tecnologias. Ainda assim, a mandioca se destaca por ser bem adaptada às condições do país e pela baixa exigência tecnológica para a produção.
- O Agricultor familiar, esse sim é um público que pode realmente se beneficiar desse mercado. A gente acredita que, para a pequena propriedade, esse o produto mais rentável que a gente tem hoje – afirma Rangel.
Além dessas atividades, houve palestras sobre aproveitamento integral da mandioca na agricultura familiar, demonstração de equipamentos para as culturas e falas com experiências de processamento. Fora, claro, o almoço, servido com alimentos à base de mandioca e batata-doce.
Alimentação animal
Da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), o pesquisador João Pedro Zabaleta apresentou as possibilidades de uso dos resíduos dessas culturas na produção animal, especialmente na alimentação de aves. A folha da mandioca pode chegar a teores de até 27% de proteína.
- As perspectivas são fantásticas porque é possível aproveitar resíduos, ou toda a produção de raízes, para alimentação animal, entrando como componente energético nas rações. Também é possível aproveitar as partes aéreas dessas plantas como um componente protéico e mineral – afirma o pesquisador.
Batata-doce
A analista da mesma Unidade, Andréa Noronha, chamou atenção de uma parte expressiva dos integrantes durante a realização de uma oficina sobre cultivares e multiplicação de mudas de batata-doce. A cultura também esteve contemplada na fala do seu Roque Weber, agricultor de Cerro Largo, que compartilhou suas experiências com uma vitrine tecnológica para teste de três cultivares de batata-doce da Embrapa Clima Temperado: BRS Amélia, BRS Rubissol e BRS Cuia.
Os resultados da última safra fizeram o agricultor, que só cultivava para consumo próprio, mudar de opinião.
-Estou vendendo a dois reais o quilo. A produção este ano é de 35 toneladas por hectare. Se eu tivesse plantado uma hectare eu tiraria de sessenta a setenta mil reais. Por isso estou pensando em aumentar de novo a minha produção – afirmou.
Inauguração
Ainda durante o evento, no dia 26, na comunidade São João Centro, foi inaugurada uma agroindústria de vegetais. Segundo o técnico agrícola da Emater de Cerro Largo, Breno Ely, o empreendimento foi idealizado para atender às exigências sanitárias com relação ao descascamento da mandioca, mas a intenção é que outros produtos sejam processados no local conforme o negócio das duas famílias beneficiadas cresça. Tais iniciativas proporcionam incremento de renda, ajudam a fixar os produtores na propriedade e a fomentar a atividade no município.
Cerro Largo possui cerca de 800 famílias atuando no meio rural, quase todas produzem mandioca, mas poucas têm foco na agroindustrialização. O que, para Ely, é um potencial.
- A cultura não envolve insumo químico e é barata. Só exige um pouco de mão-de-obra. Temos que investir em maquinários para agricultura familiar e ajustar – concluiu.
Reuniões
A Reunião Técnica da Mandioca e da Batata-Doce é resultado da parceria entre Emater/RS-Ascar, Embrapa Clima Temperado, Territórios Fronteira Noroeste e Missões, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cerro Largo, Coopacel, Rede Missioneira da Agricultura Familiar (Remaf), Prefeitura de Cerro Largo, UFFS, Fepagro e Expocel. A expectativa é que, no próximo ano, o evento seja realizado na região Central do Estado, local onde as Reuniões ainda não foram realizadas.
Fonte: Embrapa