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FERRUGEM ASIÁTICA

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja na safra 2016/2017 terá crescimento de 15,4%, devendo atingir 110,2 milhões de toneladas – alta de 14,2 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Os estudos mostram ainda a ampliação de 1,4% na área plantada, que deve atingir 33,7 milhões de hectares.

Entretanto, para que essa expectativa de crescimento da produção se torne realidade, o produtor de soja deve ter boas práticas de manejo e utilizar o controle químico para manter o combate à ferrugem asiática. A doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, reduz a produtividade da soja, gerando perdas significativas na produção. Além da ferrugem, outras doenças foliares afetam a cultura da soja, como a Mancha Alvo, a Antracnose, a Mancha Parda e o Crestamento de Cercospora. O pesquisador e especialista em proteção de plantas Valtemir José Carlin, consultor e diretor da Agrodinâmica, afirma que, em função do regime de chuvas e umidade, de fonte de inóculo, de correntes de vento e da altitude, a ocorrência da ferrugem asiática apresenta diferentes comportamentos em cada região.

Ele lembra que a ferrugem chegou ao Mato Grosso em 2002/2003.

- Naquela época, não existia vazio sanitário, e a janela de plantio era muito grande, favorecendo a incidência da doença. -

Em cinco anos o fungo se tornou resistente aos fungicidas do grupo triazois e passou-se a usar as misturas formadas por produtos à base de triazois e estrobilurinas. Esse grupo durou sete anos com bons resultados, mas na safra 2010/2011 começou a perder eficiência no combate à ferrugem asiática. Depois disso, chegou outro grupo de fungicidas, formado pelas carboxamidas (ativo presente em fungicidas como o Ativum® e o Orkestra® SC), produtos indicados para as primeiras aplicações, que combatem as principais doenças da soja e auxiliam no manejo de re-sistência dos fungos. Outra prática é o uso de fungicidas como o Versatilis®, um novo grupo químico para a cultura da soja.

Valtemir Carlin explica que a ferrugem asiática da soja é o único caso no mundo que tem resistência múltipla a triazois, estrobilurinas e carboxamidas. Entretanto, esses fungicidas são as principais ferramentas de manejo químico; a expectativa é que os novos modos de ação cheguem dentro de oito a dez anos.

O pesquisador ressalta que, além dos grupos químicos, existem outras formas de manejo que devem ser postas em prática. Plantar cedo, dentro da janela de plantio, e utilizar materiais precoces são práticas de escape muito importantes. Em 2006/2007 teve início a prática do vazio sanitário, que é um intervalo sem a cultura da soja no campo, evitando ou reduzindo a multiplicação do inóculo na entressafra.

Atualmente, o plantio só pode ser realizado de 15/09 a 31/12, com obrigação de destruição de plantas guaxas entre 15/06 e 15/09 de cada ano. Quem faz uma segunda safra no mesmo ano também favorece a praga, pois isso acelera a resistência do fungo aos fungicidas pelo excesso de exposição aos mesmos produtos. Por isso, essa prática também não é permitida.

Ele também recomenda a redução dos intervalos entre a aplicação de fungicidas, quando a pressão for muito alta.

- Além disso o produtor deve estar atento ao manejo das outras doenças da soja, pois elas também têm se tornado cada vez mais importantes e para cada uma há um técnica de manejo adequada – conclui.

Fonte: Revista Globo Rural



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