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COLOSTRO EM PÓ

Após seis anos e meio de tratativas com o Ministério da Agricultura, o colostro em pó – produto alimentício voltado para bezerros recém-nascidos – está liberado para ser comercializado no Brasil. A recomendação é que o produto seja administrado minutos após o parto como forma de garantir nutrientes, anticorpos e gorduras essenciais à vida do filhote.

O produto é importado do Canadá pela Alta Genetics, é coletado em fazendas no Canadá e região norte dos Estados Unidos, e fabricado lá mesmo, na Saskattom Colostrum Company. Chega no Brasil em saquinhos de alumínio com o nome de SCCL, e têm validade de três anos. Para usar, é preciso misturar água mineral e colocar na mamadeira (cada saquinho tem 470 gramas de pó e ao ser misturado em um litro de água, rende 1,4 litro de colostro).

De acordo com o professor Manuel Campos, Professor da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, uma a duas doses do produto são suficientes para suprir as necessidades dos bezerros.

- O colostro fornece a energia necessária para a termogênese e a adaptação do bezerro ao meio ambiente – explica. – É uma secreção quase perfeita. -

O professor diz “quase” porque, em ambientes naturais, ela pode ser contaminada e provocar uma série de doenças no filhote.

- As condições sanitárias do ambiente, algumas doenças do rebanho podem ser transmitidas para o bezerro. Portanto, se você tem um produto livre de contaminações, o bezerro irá receber um produto perfeito. -

Energia e nutrientes

Manuel Campos explica que, diferentemente do que ocorre nos seres humanos, a placenta dos bovinos não permite à mãe trocar nutrientes com o feto, como proteínas e gorduras, durante a gestação. Daí, a necessidade do animal consumir o colostro – substância rica em nutrientes, anticorpos e gordura – nos primeiros minutos de vida.

- Esses primeiros minutos são essenciais para a sobrevivência do animal. -

Ao nascer, a mucosa do intestino do animal absorve todos os nutrientes ingeridos por 24 horas, de forma não-seletiva. Por não poder absorver alguns nutrientes através da placenta da mãe, o filhote, precisa estabelecer o seu próprio metabolismo, respiração e sistema imunológico para conseguir se levantar, andar (o que ocorre minutos após o nascimento).

- O organismo dele precisa de energia para fazer tudo isso, de uma gordura específica que só tem no colostro – diz Campos.

Segundo ele, os bezerros nascem com reservas energéticas muito baixas (3% do seu peso corporal).

O consumo do colostro promove, logo após ser ingerido, um aumento de 15% na temperatura corporal do bezerrinho e a quantidade de anticorpos necessários à sua vida. Esses anticorpos vão se acumulando na glândula mamaria do animal durante duas três primeiras semanas de vida.

Alimentação extra Heverardo Carvalho, diretor-presidente da Alta Genetics no Brasil, empresa responsável pela importação e comercialização do produto, a demora na aprovação da importação do colostro em pó deveu-se ao debate sobre o produto ser um alimento ou um medicamento.

- Colostro não é remédio – avisa. – É uma substância natural que todo mamífero deve ingerir após o nascimento, no entanto, às vezes em ambiente natural ele está contaminado ou não tem os nutrientes necessários para o filhote. É um alimento. -

Carvalho lembra que, apesar da recomendação em administrar o produto logo após o nascimento, o pecuarista deve continuar oferecendo colostro natural aos bezerros nos primeiros dias de vida.

Segundo Rafael Azevedo, gerente de produto da Alta Genetics, um bezerro infectado pode contaminar outros três animais. No entanto, se a qualidade do colostro for boa, estudos indicaram que esse índice cai para um.

- Mas o ideal é zero – diz ele. – Se o manejo com o colostro não for bem sucedido na fazenda, o trabalho do pecuarista [de leite e de corte] está praticamente perdido. -

Azevedo diz que, apesar do produto ainda ser novidade no Brasil (a liberação aconteceu no começo do ano) muitos pecuaristas estão utilizando o colostro em pó como forma de assegurar a sanidade dos bezerros e evitar perdas (na maioria das vezes, causadas por bactérias que provocam diarreia e pneumonia).

De acordo com os executivos, os criadores de caprinos e ovinos também estão utilizando o colostro em pó bovino nos recém-nascidos.

- Colostro bovino serve para suprir os anticorpos de caprinos e ovinos. –

Fonte: Revista Globo Rural



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