A comercialização da safra de soja está atrasada no Brasil e somente 58% da produção foram vendidos até agora em um movimento provocado pela queda de preço, que desestimulou a negociação do produto. Segundo a consultoria Safras & Mercado, nesta mesma época do ano passado, 76% da produção já haviam sido vendidas, superando inclusive a média histórica, que é de 74%.
No fim do mês de maio, a Bolsa de Chicago chegou ao menor patamar de preço dos últimos 13 meses. Com a desvalorização do produto, o Porto de Paranaguá, no Paraná, por exemplo, registrou 11,5% de queda em seis meses, atingindo R$ 67 a saca.
A consolidação de uma oferta grande veio de recordes tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que teve um aumento de área neste ano, afirma o diretor de commodities da INTL FCStone, Glauco Monte. “O plantio está se encerrando e, por mais que tenha especulação com relação a chuvas, está se encerrando bem. De outro lado, aqui no Brasil, a gente ainda tem uma comercialização muito lenta. Se compararmos o mês de maio com abril, vimos um avanço significativo, principalmente pelas variações de preço por causa do dólar”, diz.
Até a definição da safra norte-americana em outubro podem ocorrer oscilações de preços interessantes para se comercializar a produção brasileira. “Consolidando a safra americana, a gente poderia atingir novas baixas por causa da pressão que se tem na entrada de uma safra grande nos Estados Unidos. Mas, antes disso, acho que o mercado ainda vai parar e analisar um pouco para entender o tamanho desta safra”, afirma Monte.
O que pode ajudar o produtor brasileiro é a alta do dólar. A instabilidade política no país e a possibilidade de aumento dos juros nos Estados Unidos levam especialistas a projetarem a valorização da moeda. Isso pode aumentar o valor pago em reais e estimular as vendas.
“A nossa perspectiva de câmbio é que se mantenha desvalorizado e possa se manter mais pressionado pela questão política brasileira. O produtor deve ficar de olho no câmbio, porque ele tende a ter grandes oscilações ainda este ano e o real tende a se desvalorizar, chegando até a R$ 3,50”, comenta o diretor de commodities da Parallaxis, Fábio Ralston.
Fonte: Canal do Produtor
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