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LANÇAMENTOS, CLIMA E MERCADO

O sistema de produção de um agricultor tem como objetivo rentabilizar ao máximo a área durante o ano. Uma das alternativas é semear diferentes culturas com menor ciclo durante o mesmo ano, onde o trigo entra como estratégia. Duas novas linhagens de trigo que atendem a esta demanda do produtor e da indústria moageira foram apresentadas na última quinta-feira (04/05), durante o Seminário Técnico de Trigo, realizado em Carazinho/RS. O evento também trouxe posicionamentos para a próxima safra de trigo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, como a importância de acompanhar o clima para reduzir a incidência de doenças e da escolha do material genético para potencializar a produtividade, além de novidades para o setor da pecuária. Cerca de 300 pessoas participaram do evento, entre produtores de sementes, cerealistas, recomendantes, representantes do setor moageiro e todos aqueles envolvidos na cadeia produtiva do trigo.

Produzir mais em menos tempo, sem perder qualidade, ajuda a garantir uma lavoura mais rentável. Segundo o diretor de negócios da Biotrigo Genética, André Cunha Rosa, os lançamentos apresentados foram os primeiros filhos do TBIO Toruk, linhagens que, além de trazer melhorias na resistência a doenças e mais produtividade, possuem ciclo mais precoce. Ambas as cultivares possuem características melhores que o TBIO Toruk, facilitando o manejo em relação a doenças.

- O TBIO Toruk está sendo um grande sucesso pela produtividade e a qualidade que vem apresentando e será o mais plantado em 2017 no país. Essas duas linhagens, pelo conjunto de características que possuem, também devem estar entre os cinco mais plantados no Brasil até 2019 – projeta.

Filhos do TBIO Toruk

A linhagem BIO 131364, que tem como nome sugerido TBIO Sonic, é um trigo Melhorador com ciclo superprecoce: ciclo 20 dias mais curto que o TBIO Toruk. Esta linhagem possui alto vigor de planta, elevada produtividade e resistência à diversas doenças, especialmente à brusone, bacteriose e mosaico. A superprecocidade do TBIO Sonic permitirá que culturas intercalares, como o nabo forrageiro, sejam mais eficientes tendo em vista um maior tempo disponível para desenvolvimento de biomassa e reciclagem de nutrientes.

- É uma grande ferramenta para o produtor, pois oferece uma combinação de ciclo curto, qualidade e produtividade, inéditos para o campo – explica André.

A linhagem BIO 131450, cujo nome sugerido é TBIO Audaz, é um trigo de ciclo precoce (com aproximadamente 10 dias a menos que o TBIO Toruk) e com uma qualidade industrial Melhorador. Segundo o melhorista e diretor da Biotrigo Ottoni Rosa Filho, o TBIO Audaz será um grande aliado de cultivares já consolidadas como o TBIO Sinuelo, TBIO Toruk e TBIO Sossego.

- É um material precoce que vem para melhorar ainda mais a qualidade industrial do trigo produzido no país, oferecendo ainda maior segurança na lavoura e elevada produtividade – comenta Ottoni.

A linhagem apresenta boa resistência às principais doenças do trigo, como o complexo de manchas foliares, mosaico, brusone, giberela e bacteriose.

Trigo como alimento para o gado de leite e de corte

O trigo para a produção de silagem, além de ser uma alternativa de alimento de qualidade no inverno, aumenta a produtividade de leite. O produtor Antônio Carlos Bordignon, de Sertão/RS, tem 180 animais em lactação e obteve no início deste ano um crescimento na produção de leite de cerca de 10%, com a silagem produzida a partir da cultivar TBIO Energia I. Agora, os pecuaristas de outras regiões irão ter a oportunidade de gerar mais renda na propriedade. A linhagem BIO 112049, que leva como nome sugestivo TBIO Energia II, também destinada para produção de pré-secado e silagem vem para contemplar as demais regiões onde o TBIO Energia I ainda não está presente. De acordo com o zootecnista da Biotrigo, Ederson Luis Henz, os principais destaques da linhagem são a ausência de aristas, a elevada produção de matéria verde e a sanidade foliar, além de ser 20 dias mais precoce que o TBIO Energia I. A linhagem vai acessar inicialmente as regiões mais quentes do Brasil, do Norte e Oeste paranaense até o Cerrado, atendendo essas regiões que têm uma grande bacia leiteira e de corte. Além do TBIO Energia II, outra alternativa para produção animal lançada durante o seminário é o primeiro trigo para pastejo desenvolvido com genética Biotrigo. Posicionada exclusivamente para pastagem, a cultivar, cujo nome proposto é TBIO Lenox, visa atender a demanda dos criadores de gado leiteiro e de corte. A linhagem, com bom manejo pós-pastejo, é capaz de superar 4 cortes com alta carga animal em sistemas de pastejo rotacionado ou contínuo. Entre as características da cultivar está a alta palatabilidade, excelente sanidade foliar, elevada produção de biomassa e a alta capacidade de rebrota.

Reguladores de crescimento na cultura do trigo

A utilização de regulador de crescimento na cultura do trigo contribui no manejo do acamamento. Os ganhos com produtividade para as cultivares suscetíveis podem chegar a 30%, com reflexos positivos sobre a qualidade. O manejo de trigo com regulador de crescimento foi o assunto da palestra do engenheiro agrônomo e gerente técnico da Fundação ABC do Paraná, Luís Henrique Penckowski. Segundo o pesquisador, um dos primeiros efeitos após a aplicação do regulador de crescimento (Moddus) é a mudança de arquitetura das plantas.

- As folhas ficam eretas, isto implica em melhor aproveitamento da radiação solar pelas plantas principalmente pelos perfilhos – detalha.

Outro benefício da mudança na arquitetura é que a deposição da calda de pulverização, principalmente dos fungicidas, melhora, facilitando o manejo de doenças na cultura de trigo.

Clima 2017 e as doenças do trigo

Em 2017 o clima deve ser mais frio até o mês de agosto, com uma distribuição de chuvas normais. Esta condição, de frio e umidade de solo na semeadura, favorece a ocorrência do Mosaico Comum nas fases iniciais da lavoura de trigo. Já na primavera, as previsões apontam para uma temperatura acima da média e um maior volume de chuva, o que alerta para a possibilidade da ocorrência da Giberela. Segundo o fitopatologista da Biotrigo Genética, Dr. Paulo Kuhnem, o produtor precisa estar preparado para escolher bem o material genético e aplicar o fungicida no momento certo para garantir uma lavoura com sanidade.

 - A ocorrência das doenças é influenciada pelas condições climáticas da safra de trigo, mas a intensidade em uma lavoura pode ser reduzida pelas medidas integradas de manejo que nós vamos adotar – destaca.

O fitopatologista também alertou ainda que em fevereiro de 2017, a ANVISA regulamentou o limite máximo tolerável de DON (micotoxina produzida pelo fungo da giberela) nos grãos de trigo em 3 ppm, o que faz com que o produtor precisa estar ainda mais preparado para escolher bem o material genético e aplicar o fungicida no momento certo para garantir uma lavoura com qualidade de grãos que atendam esta nova legislação.

Projeções positivas para o mercado

O analista sênior da Consultoria Trigo & farinhas, Luiz Carlos Pacheco, explicou como é o comportamento das cotações do trigo. Segundo ele, a redução de área no Brasil e o volume e a qualidade do trigo produzido no mercado internacional são fatores de influência no preço interno. A previsão de uma redução na área de trigo nesta safra deve fazer com que o preço pago pelo cereal aumente.

- Deve haver uma oferta menor de produto por conta dessa redução de área no Brasil. Externamente, os fundos de investimento excessivamente vendidos e problemas de clima nas áreas de produção de trigo de inverno nos Estados Unidos tendem a valorizar quem plantar trigo nesta próxima safra – projeta.

Para Pacheco, é preciso que o produtor, além da área agronômica, domine as questões mercadológicas.

- Os produtores sempre dizem que o trigo não dá lucro, mas é o contrário. Eles não usam todas as ferramentas de comercialização. Não é por culpa deles, mas da própria estrutura do mercado. O mercado está estruturado para desenvolver uma produção grande e boa e não está estruturado para uma boa comercialização – analisa.

Fonte: Assessoria Biotrigo

Foto: Diogo Zanatta/ Divulgação Biotrigo



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