A produção de carne mundial ganhou nesta quarta-feira (26) um reforço de peso. Primeira raça bovina desenvolvida por um órgão estadual de pesquisa no Brasil, a raça Purunã foi reconhecida oficialmente em evento no Palácio Iguaçu, em Curitiba.
A linhagem passa a ser uma opção para a criação de gado de corte. Os animais foram desenvolvidos pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em um trabalho de pesquisa que levou cerca de 30 anos.
O Purunã foi obtido por meio de cruzamentos entre as raças Caracu, Charolez, Canchin e Aberdeen Angus. De acordo com os pesquisadores, o novo bovino incorporou características das quatro, como a resistência ao calor e a doenças, a precocidade na reprodução, o volume de carcaça, a maciez e marmoreio da carne, inclusive superando as espécies originais em comparações individuais – peculiaridades fundamentais para a pecuária de alto rendimento.
Florindo Dalberto, diretor-presidente do Iapar, enfatiza que esta é a primeira vez que um trabalho de pesquisa pública resulta em uma criação de raça no Brasil.
- Hoje, depois de 30 anos de pesquisas, temos o reconhecimento. Esta é a síntese tecnológica de casos positivos de outras raças. Há quatro anos já tínhamos as primeiras criações em nível de testes. Hoje já temos criadores dessa raça paranaense em outros estados como Goiás e Minas Gerais. Nosso objetivo foi preencher a lacuna de ter um gado para produtores medianos com uma raça com uma característica mais rústica – explica.
Idealizador da nova raça e líder das pesquisas, o engenheiro agrônomo do Iapar Daniel Perotto enfatiza que o Purunã combina excelente capacidade reprodutiva e também para o desenvolvimento de carne, assim como grande desenvolvimento muscular.
- É uma raça ‘bimestiça’, combinando a reprodução de outras. Até 1993 fizemos o cruzamento de raças por montagem natural. Após isso passamos a inseminação artificial de touros, o que traz melhor valor genético – descreve.
O superintendente substituto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, Alexandre Orio Bastos, disse que o lançamento de uma nova raça mostra a fortaleza da área agropecuária do Brasil. Ele também comentou como está a atuação da pasta com relação à operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga o setor de carnes.
- Estamos estudando uma série de medidas, como a retirada de determinados servidores de áreas e a realocação de outros – destaca.
O zootecnista e pesquisador do Iapar José Luís Moletta também está envolvido desde o início da década de 1980 nos estudos que chegaram ao Purunã. Segundo ele, a nova raça apresenta animais superiores e deve agregar na produção de carne no estado.
- A carne veio para complementar as características produtivas – explicou.
Norberto Ortigara, secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, salientou o quanto o investimento em tecnologia é importante para o agronegócio.
- Mesmo quem não vive o dia a dia e não tem como conferir os detalhes entende o investimento da pesquisa. Não é a toa que este país e estado se tornaram gigantes no fornecimento de alimentos do mundo – afirma.
Fonte: Gazeta do Povo
Foto: Gazeta do Povo