Após o plantio de 1,26 milhão de hectares de milho safrinha em Goiás encerrado há algumas semanas, as lavouras se desenvolvem bem, apesar de as chuvas já estarem perdendo força no Estado. Algumas localidades registram umidade muito baixa, com intervalos de pelo menos 10 dias sem a ocorrência de precipitações significativas. Esse cenário ainda não é crítico, mas pode gerar impactos na produção, considerando que as previsões pluviométricas até o final deste mês indicam volumes limitados de chuvas e a maior parte do milho está no início da fase reprodutiva, momento crucial na formação do potencial produtivo.
De forma geral, as plantações beneficiadas pelos bons volumes de água acumulados até o final de março em nada lembram a secura ocorrida no ano passado, quando a estiagem provocou a quebra de quase 50% da safra de inverno do cereal, reduzindo a produção goiana a 4,508 milhões de toneladas. Mas à medida que as lavouras da safrinha 2016/17 em Goiás se desenvolvem, confirmando até o momento a expectativa de uma colheita de 7,72 milhões de toneladas, o preço do cereal vai recuando.
A queda acumulada este ano no mercado disponível já chega a 30%, de acordo com o consultor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Cristiano Palavro. Conforme levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a cotação da saca de 60 quilos recuou de R$ 30,00, em janeiro, para uma média estadual de R$ 23,00, variando de R$ 21,00, nas áreas tradicionais de cultivo, como o Sudoeste goiano, a R$ 25,00, na região do Entorno do Distrito Federal e Norte do Estado, por exemplo.
- Esse contexto se justifica pelas boas expectativas para a safrinha, recondicionamento dos volumes produzidos em relação a 2016 e demanda inconstante – explica o consultor técnico. – Porém essa queda nos preços é bastante significativa e pode afetar consideravelmente a rentabilidade dos produtores – alerta.
Mercado futuro
Os negócios de milho safrinha no mercado futuro estão pouco aquecidos em função das cotações reduzidas – Aprosoja-GO e Faeg estimam a comercialização em 15%-20% da produção esperada. Nesta segunda quinzena de abril, os preços futuros para entrega em agosto/setembro estão na faixa de R$ 17,00 a R$ 18,50, valores abaixo do mínimo (R$ 19,21) estabelecido pelo Ministério da Agricultura para Goiás.
- O produtor não fica incentivado a travar o milho porque os preços nesses patamares não são remuneradores – afirma Palavro, citando que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produtividade da safrinha em 105 sacas por hectare.
Considerando os desembolsos com os insumos produtivos, o gasto para se produzir um hectare de milho no Estado está girando entre R$ 1.800,00 a R$ 2.000,00 – e se incluir os custos da terra e a depreciação dos bens de produção, como máquinas e equipamentos, a conta sobre para R$ 2.500,00.
Diante desse cenário, o produtor aguarda mudanças que podem gerar boas oportunidades de venda, como o início da safra norte-americana e o final do período chuvoso no Centro-Oeste, que tendem a acentuar a volatilidade do mercado nas próximas semanas.
Preços mínimos
Recentemente o Ministério da Agricultura anunciou a liberação de R$ 800 milhões para apoiar a comercialização de milho no Brasil. Segundo o secretário de Política Agrícola da pasta, Neri Geller, R$ 500 milhões serão destinados ao Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e ao Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) no Centro-Oeste e outros R$ 300 milhões para contratos de opção.
Essas medidas devem beneficiar parte da produção goiana de milho, porém, ressalva Palavro, só poderão ser efetivadas a partir do momento em que o preço do milho disponível cair abaixo do mínimo – por enquanto apenas o preço futuro para entrega após a colheita da safrinha está menor que o valor mínimo estabelecido pelo governo.
- Esses procedimentos da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são importantes para garantir o fluxo de escoamento da safra brasileira de milho, impulsionando um maior dinamismo no mercado e a recuperação dos preços internos – afirma o consultor da Aprosoja-GO.
Fonte: Aprosoja GO