Estudo do Centro Americano de Febre Aftosa que concluiu pela inexistência do vírus da febre aftosa tipo C na Sul América determinou recomendação da Cosalfa suspender a vacinação com esse sorotipo na região. A decisão foi tomada no encerramento da 44ª reunião ordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), que aconteceu na última semana, em Pirenópolis.
De acordo com o estudo o último foco de febre aftosa com o sorotipo C nas Américas data de 2004.
- Por essa razão, bem como em função de estudo que o Brasil tem, tomamos a decisão de, no futuro, retirar o vírus C de toda vacina produzida no país – disse o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, eleito presidente da Cosalfa durante o evento.
Banco de vacinas
Outra decisão importante tomada por representantes dos 13 países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai), que intregram a comissão foi criar o Banco Regional de Antígenos de Febre Aftosa (Banvaco), banco de vacinas com o objetivo de ter estoque estratégico para eventuais e futuras intervenções na região como um todo.
- Para fazer frente a desafios futuros que possam ocorrer, inclusive por questões de bioterrorismo – explicou Marques.
Plano brasileiro
O Brasil apresentou proposta de retirada da vacina de febre aftosa e de manter-se livre da doença,
- O país tem um plano estratégico em uma década com ações gradativas a serem tomadas com vistas a alcançar esse status – disse o diretor do Mapa.
- Esperamos que, no próximo ano, Roraima, Amazonas e Amapá sejam considerados livres da aftosa pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), o que concluiria uma etapa de erradicação da febre no país. Ou seja, em maio do ano que vem, nosso projeto é que todo o Brasil seja reconhecido como livre de febre aftosa – comentou.
Acordo com a Venezuela
Um termo de entendimento mútuo assinado com a Venezuela, no evento, contribui para alcançar essa meta. Foi considerada relevante a participação de delegação do país vizinho, que não vinha tomando parte em reuniões anteriores. Agora, houve, inclusive, a presença de representantes do setor produtivo, tornando possível o acordo para ações conjuntas na fronteira.
O termo prevê atuação de ambos os lados, permitindo que profissionais brasileiros auxiliem autoridades venezuelanas na vacinação do seu rebanho, bem como no atendimento de eventuais suspeitas da doença.
- Isso é muito importante porque Roraima, que faz divisa, do lado brasileiro, com o país, já reúne condições plenas para o reconhecimento como livre da febre – comentou Guilherme Marques. – Estamos andando a passos largos, dando um exemplo para a região, para todo o continente, para avançar como área livre sem vacinação no futuro. -
Rebanho das Américas
Temos como afirmar com base em todas as evidências, bem como os reconhecimentos já ofertados pela Organização Mundial de Saúde Animal, que praticamente todo o rebanho nas Américas já é reconhecido como livre de febre aftosa com ou sem vacinação, restando a Venezuela avançar nesse reconhecimento. O rebanho da América do Sul é da ordem de 350 milhões de cabeças de bovinos. Só o Brasil detém quase 220 milhões. E a Venezuela tem em torno de 15 milhões de animais aproximadamente.
No caso brasileiro, faltam somente Roraima, Amapá e Amazonas que detêm aproximadamente 2 milhões de animais para o reconhecimento.
- Mas temos condições plenas de avançarmos. Obviamente que aguardamos das autoridades do Amazonas e do Amapá a melhoria em alguns pontos que foram observados, que são necessários corrigir. -
- Na Venezuela o processo de erradicação é inicial, o que tende a levar ainda alguns anos de árduo trabalho. E, por essa razão, o governo brasileiro e os demais países, demostraram solidariedade para contribuir e colaborar com o enfrentamento da doença naquele país – afirmou o presidente da Cosalfa.
Fonte: Mapa