- Para o pecuarista, o planejamento e estratégia de compra [de milho] será fundamental, mesmo considerando o cenário de preços mais baixos para o milho este ano. -
Esta e outras frases foram ditas por Rafael Ribeiro, zootecnista e consultor de mercados da Scot Consultoria, na entrevista abaixo.
Confira o bate papo na íntegra:
Scot Consultoria: Para iniciar nossa entrevista, gostaria que o senhor falasse um pouco sobre o que está preparando para o Encontro de Confinamento da Scot Consultoria?
Rafael Ribeiro: Abordarei as expectativas para o mercado de grãos em 2017, com foco no milho, soja (farelo) e algodão, entre outros alimentos como, por exemplo, polpa cítrica e sorgo.
Falarei sobre a oferta e demanda nesta temporada e possíveis fatores de interferência nos preços em 2017: clima, câmbio, demanda interna e mundial e estoques.
Scot Consultoria: Depois da forte valorização em 2016, dá para afirmar que o milho custará menos em 2017?
Rafael Ribeiro: O aumento da produção nesta temporada é o principal fator de pressão de baixa sobre os preços do milho em 2017. Os estoques finais, em 2016/2017, estão estimados em 17,34 milhões de toneladas, frente aos 7,75 milhões de toneladas em estoques, ao final de 2015/2016.
De qualquer maneira, o clima e a demanda podem, pontualmente, mexer com os preços no mercado brasileiro. Vimos este cenário no final de janeiro e em fevereiro, o excesso de chuvas prejudicando o avanço da colheita da safra de verão e um cenário mais firme de preços no mercado interno.
Para o pecuarista, o planejamento e estratégia de compra será fundamental, mesmo considerando o cenário de preços mais baixos para o milho este ano.
A pressão de baixa deverá ser maior a partir de meados do primeiro semestre, com dados mais consolidados sobre a primeira e segunda safra.
Scot Consultoria: E as exportações brasileiras de milho? Dá para falar em volumes recordes para este ano?
Rafael Ribeiro: O dólar caindo, em relação ao real, em 2017, desestimulou os embarques e diminuiu a concorrência do milho brasileiro em relação ao produto norte-americano, por exemplo.
As exportações brasileiras, em 2017, estão estimadas em 24,0 milhões de toneladas, frente as 18,85 milhões de toneladas embarcadas em 2016, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar do incremento, o volume está abaixo do recorde registrado em 2015, de 30,17 milhões de toneladas. Com a perspectiva de um dólar mais fraco este ano, o volume embarcado deve ser revisado nos próximos relatórios.
Em fevereiro, o preço médio do milho exportado pelo Brasil ficou próximo de US$168,00 por tonelada. Para uma comparação, o milho norte-americano está cotado em torno de US$140,00.
Scot Consultoria: Alguma consideração para a segunda safra de milho este ano em particular?
Rafael Ribeiro: A expectativa é de crescimento na área plantada e uma produtividade melhor. Segundo a Conab, a produção poderá chegar a 58,59 milhões de toneladas na segunda safra. Este volume é 44,0% maior ou 17,91 milhões de tonelada a mais que o ano passado, quando foi registrada quebra de produção.
Em princípio, o clima deverá ser mais favorável e a semeadura do milho “safrinha” feita mais dentro da janela ideal de plantio.
No entanto, as chuvas atrasando a colheita da soja merecem atenção e cautela por parte do agricultor e também de quem precisa de milho para o segundo semestre, já que podem atrasar o plantio da segunda safra.
Scot Consultoria: E para os farelos em geral, qual a previsão de oferta e expectativas de preços?
Rafael Ribeiro: Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a produção de farelo deverá ser 5,1% maior em 2017, em relação a 2016, totalizando 31,1 milhões de toneladas.
A expectativa é de patamares de preços mais baixos na temporada, em função do aumento da produção de soja grão nos principais países.
No caso do Brasil, além da colheita da safra 2016/2017 em andamento, o câmbio pressionou as cotações da soja e do farelo de soja em reais, em janeiro e fevereiro.
De qualquer maneira, o clima já chama a atenção em algumas regiões produtoras, onde as fortes chuvas prejudicam o andamento da colheita e têm causado danos as lavouras, especialmente no Centro-Oeste.
Fonte: Scot Consultoria