O dólar caía nesta quinta-feira, indo abaixo de 3,10 reais, mantendo a tendência da véspera após o Federal Reserve, banco central norte-americano, não sinalizar altas adicionas de juros neste ano além das esperadas.
Os investidores também estavam reagindo à volta das atuações do Banco Central no mercado e à melhora de perspectiva do rating brasileiro pela agência de classificação de risco Moody’s.
Às 10:33, o dólar recuava 0,38 por cento, a 3,0993 reais na venda, depois de ter despencando 1,83 por cento no pregão passado. O dólar futuro tinha leve baixa de 0,30 por cento.
- O dólar tem algumas razões para cair: Fed, Moody’s e rolagem do swap – citou o diretor de operações da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.
Na véspera, o Fed elevou os juros pela segunda vez em três meses, para a faixa entre 0,75 e 1 por cento, movimento amplamente esperado e impulsionado pelo crescimento econômico estável. Entretanto, não indicou qualquer plano de acelerar o ritmo do aperto, reforçando a visão de mais duas altas neste ano.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
O dólar também recuava com a notícia de que a Moody’s elevou a perspectiva do rating do Brasil, atualmente em Ba2, de negativa para estável, surpreendendo os agentes porque pode melhorar a confiança no país.
Além disso, o BC brasileiro voltou a atuar no mercado, anunciando leilão de até 10 mil swaps cambiais tradicionais –equivalentes à venda futura de dólares– para a rolagem dos contratos que vencem em abril, equivalentes a 9,711 bilhões de dólares. Se mantiver o mesmo ritmo até o fim do mês e vendê-los na íntegra, o BC vai rolar parcialmente os contratos, num total de 5,5 bilhões de dólares.
- Apesar de ter sinalizado que será uma rolagem parcial, a leitura é favorável. Seria ruim se ele não rolasse nada – justificou Spyer, acrescentando que o mercado já trabalhava com esse expectativa.
Em fevereiro, o BC também havia feito rolagem apenas parcial do vencimento de março dos swaps.
Apesar do bom humor, os investidores continuavam atentos à cena política brasileira, bastante influenciada agora pela lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) com 83 pedidos de abertura de inquérito contra políticos, com base nos acordos de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht com a operação Lava.
Os pedidos, de acordo com reportagens, envolvem seis ministros do presidente Michel Temer, entre outros. O temor é que importantes reformas que precisam do aval do Congresso, como a da Previdência, sejam prejudicadas.
Fonte: Reuters