Maior exportador de carne suína e de maçã do país, segundo em venda de frango abatido para o exterior, Santa Catarina também vem chamando a atenção quando o assunto é leite. De 2012 para cá o Estado pulou do 8º para o 4º lugar no ranking da produção leiteira nacional.
-Nos últimos cinco anos nossa produção cresceu o dobro da do país. Se a do país cresce 10% a nossa cresce 20%- festeja o veterinário Enori Barbieri, presidente da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), vinculada à Secretaria estadual da Agricultura e da Pesca. A empresa está completando 38 anos de existência em 2017.
A incidência de chuva e de sol na medida certa, a fartura de água e a abundância de dejetos de suínos e de frangos para fertilizar o solo onde cresce o capim. Essas são algumas das características da bacia leiteira estadual na qual o custo da mão-de-obra pesa pouco, devido à predominância do produtor familiar, e não faltam os cuidados constantes dos técnicos da Cidasc. Semelhante combinação levou o Estado a chegar aos atuais 8 milhões de litros de leite por dia. Mas a possibilidade, concreta, de chegar a 11 milhões de litros diários num piscar de olhos tem provocado no Oeste catarinense um fenômeno inimaginável para os tempos de crise enfrentados pelo país.
– Indústrias de laticínios do Brasil inteiro estão se instalando aqui ainda sem o leite porque sabem que terão ele – revela Barbieri.
Cita como exemplo a Piracanjuba, que trocou Goiás pelo Oeste de Santa Catarina, onde instalou a primeira de duas indústrias planejadas no município de Pinhalzinho.
No lugar da quantidade, a qualidade
Nos novos tempos do setor lácteo catarinense a remuneração do produtor por litro está se tornando coisa do passado.
– Já começa a ser praticado o pagamento do leite por gordura e proteína, que é uma realidade nos países do Primeiro Mundo. Significa um grande passo para inibir as fraudes, a adulteração. O cara não vai poder jogar mais água ou outras substâncias porque o importante é a gordura, a proteína, a qualidade. Com esse subproduto do leite se faz queijo e outros derivados de valor agregado – ensina Barbieri.
Para ele, a remuneração pela qualidade e não mais pela quantidade, valoriza a importância da boa alimentação e da genética do rebanho.
A nova maneira de pensar o pagamento do produto é comum aos três Estados que em 2014 criaram a Aliança Láctea Sul Brasileira, em busca de formas para produzir leite de alta qualidade, a um custo competitivo, e assim conquistar o mercado mundial. Juntos, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis por 60% de todo o leite produzido no Brasil.
Para se ter uma ideia da importância econômica e social do setor, em solo catarinense há 200 mil propriedades rurais. Do total, 170 mil estão voltadas para a agricultura sendo que metade pratica a atividade leiteira. E 91% das que o fazem têm em média 14 hectares de extensão, estando em poder de agricultores familiares.
– É a maior atividade socioeconômica do Estado. Eles recebem um cheque no fim de todos os meses. Tendo renda, os agricultores permanecem na propriedade. É nossa galinha dos ovos de ouro – salienta Barbieri.
Segundo o veterinário, graças aos agricultores familiares Santa Catarina vive o paradoxo de ser o quinto produtor de alimentos do país ocupando tão-somente uma área equivalente a 1,13% do território brasileiro.
Fonte: Cidasc