A Embrapa Pantanal está pronta para participar, mais uma vez, do Show Rural Coopavel, uma das maiores feiras agropecuárias do país. Realizado em Cascavel (PR), o evento acontece de 6 a 10 de fevereiro, das 8h às 18h. Desta vez, as tecnologias apresentadas serão o feno proteico para alimentação do gado e o aspersor de garrafa PET com conexão 3/4 de polegada, usado para irrigação. Além disso, toda a experiência que os pesquisadores da Unidade têm desenvolvido com a transição agroecológica será compartilhada na Vitrine Tecnológica de Agroecologia, uma área de 2.600 metros quadrados reservada à agroecologia dentro da feira.
A suplementação alimentar proteica de bovinos de leite em períodos de escassez (seca ou frio) é uma tecnologia pesquisada por Frederico Lisita e Alberto Feiden. De acordo com eles, nos períodos de estiagem prolongada as pastagens são insuficientes para atender às demandas proteicas e energéticas dos rebanhos, principalmente das vacas em lactação.
Diante da necessidade de suplementar a dieta desses animais nesse período, a Embrapa Pantanal vem pesquisando desde 2005 alternativas seguras e ecológicas. Os pesquisadores buscaram soluções com espécies locais de fácil cultivo para a produção de feno no período chuvoso e sua conservação para ser utilizado no período de seca. Moringa, leucena, feijão guandu, amora e a parte aérea da mandioca foram estudados. Os resultados serão apresentados na Vitrine Tecnológica.
Na produção de leite convencional do Paraná é muito comum a utilização de ureia com cana de açúcar no inverno, porém para produção orgânica a ureia não é permitida. Assim, a tecnologia desenvolvida para o período seco do Pantanal serve, naquele Estado, para substituir a ureia nos sistemas de produção orgânicos.
O aspersor de garrafa PET com conexão de 3/4 de polegada, utilizado como sistema alternativo de irrigação, é uma adaptação feita pelo agricultor experimentador Antônio Manoel da Silva, a partir de um sistema demonstrado pela Emater Paraná na própria Vitrine Tecnológica em 2014, e foi validada por Alberto Feiden, da Embrapa Pantanal, com a colaboração Daniel José de Souza Mol, da cooperativa Biolabore, e Adriana Feiden, bolsista da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
O sistema original utilizava conexões de irrigação por gotejamento para acoplar garrafas PET de refrigerante perfuradas como aspersores encaixadas em mangueiras de polietileno pretas. Antônio da Silva, mais conhecido como Toninho, agricultor em Mundo Novo (MS), acompanhou a demonstração e observou que o diâmetro do bocal das garrafas PET era o mesmo das conexões para a mangueira preta.
– Mas a rosca era diferente. Foi utilizada então uma tarraxa reversível para canos plásticos de 3/4 de polegada, conseguindo fazer a rosca no bocal da garrafa para conectá-la no T da mangueira, simplificando o sistema de irrigação – explicou Alberto. Essa adaptação também será mostrada na feira.
A experiência dos pesquisadores da Embrapa Pantanal com agroecologia também será relatada durante o evento. O trabalho de Alberto Feiden e Aurélio Vinicius Borsato nessa área já faz parte da cartilha de agroecologia preparada especialmente para a Vitrine. Nessa publicação, eles contam como se transforma uma propriedade convencional em agroecológica.
Há três estratégias: a conversão radical e imediata da propriedade como um todo, a conversão radical de apenas parte da propriedade e a conversão lenta e gradual da propriedade.
– Apesar de haver certa demora para que o agricultor possa ser certificado como orgânico, consideramos a terceira estratégia mais segura – dizem no texto.
Mesmo que o agricultor não consiga o sobrepreço de seus produtos como orgânicos de forma mais imediata, ele não terá redução na produção (que ocorre na conversão radical) e poderá diminuir seus custos.
Fonte: Show rural