Mesmo com margens afetadas por custos em alta e cenário de crise ainda contaminando a economia brasileira, as grandes cooperativas agrícolas do país conseguiram elevar suas receitas em até 15% no ano passado. Em 2016, as 70 maiores do ramo agropecuário faturaram cerca de R$ 123 bilhões, uma alta de 15% em relação a 2015, segundo estimativa da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) com base em balanços que ainda estão sendo fechados.
O resultado reflete sobretudo o aumento dos preços dos grãos em meados do ano passado, em decorrência de quebras da safras no Brasil, e a boa demanda internacional na primeira metade do ano, que favoreceu as cooperativas exportadoras.
De maneira geral, cooperativas como a Coamo, de Campo Mourão (PR), a Aurora, de Chapecó (SC), ou a Comigo, de Rio Verde (GO), conseguiram driblar as adversidades geradas por um mercado doméstico desaquecido, seja exportando mais, seja apostando na diversificação de seus negócios. Ou apenas colocando em prática planos já traçados com foco em lacunas deixadas pelos mercados regionais, disseram dirigentes de cooperativas.
Outro fator, ainda que não isolado, também ajudou a explicar o aumento da receita das cooperativas: a crise estimulou produtores a se juntarem a cooperativas, o que fez o número como um todo retomar patamares vistos em 2013, quando superou 1 milhão de associados. Entre 2014 e 2015, última atualização feita pela OCB, a quantidade de cooperados nesse segmento subiu 2,3% para 1,016 milhão.
Já o número de cooperativas pouco mudou nesse período: em 2015, o Sistema OCB contabilizou 1.555 vinculadas ao segmento agropecuário no país. “Em anos de crise as cooperativas sempre crescem sua base de cooperados, pois o produtor prefere entregar seu produto a uma cooperativa a continuar independente e exposto às incertezas econômicas”, disse Márcio Freitas, presidente da OCB.
Embora tenha sido afetada pela alta dos custos para produção das carnes em 2016, a catarinense Aurora também conseguiu elevar sua receita entre 13% e 15% em 2016, para R$ 7,6 bilhões. A Central, que engloba 13 cooperativas, produz carnes de frango e suína, além de leite. A escalada, no ano passado, dos preços do milho, principal matéria-prima para as rações animais, elevou os custos da cooperativa.
- Em 2016, só crescemos porque abrimos mão de margens de lucro e aumentamos as exportações de um quarto para um terço da nossa produção, mas tivemos que fazer verdadeiras ginásticas para adequar o caixa – admitiu Neivor Canton, vice-presidente da Aurora.
A Central também reduziu sua produção de carne de frango para ajustá-la à retração no consumo doméstico. Não fosse isso, a Aurora poderia ter crescido mais 5%, segundo Neivor Canton.
Fonte: Valor De Brasília