Em um evento com um forte tom contra o governo Michel Temer, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco ações penais, sendo que três delas no âmbito da operação Lava-Jato, foi alvo de um protesto nesta quinta-feira durante um discurso em que defendia as conquistas de seu governo, em um encontro de sindicalistas, em Brasília.
Assim que Lula chegou ao 33º Congresso Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), um grupo de cerca de 30 representantes de uma entidade sindical, a CSP Conlutas, fez um ato contra o ex-presidente. Com camisetas escritas “Fora Temer, fora todos”, eles se viraram
de costas para o petista, segurando cartazes da entidade. Segundo um dos representantes, Cristiano Florencio, a manifestação era para demonstrar que Lula não os representava. Quando o petista começou a discursar, eles foram fortemente vaiados e acabaram deixando o recinto.
— Nosso ato é contra a interferência do ex-presidente nas nossas questões. Isso é um congresso de trabalhadores e queremos independência de qualquer patrão. Ele não representa mais os trabalhadores. Todos os governantes e ex-governantes são corruptos — afirmou Cristiano.
Em sua fala, voltada para a Educação, Lula criticou a limitação de gastos imposta pela PEC 55, aprovada em dezembro no Congresso.
— Proibi usar a palavra gasto quando se falasse em Educação. Era para falar em investimento. Depois dessas medidas que o governo enviou ao Congresso, no fundo o que estão fazendo é jogando pela janela uma palavra chamada sonho, desejo, oportunidade. Esse país vai retroceder com a mudança no Fies, diminuição do investimento educação e a reforma que eles querem fazer no Ensino Médio — disse.
Antes da chegada do ex-presidente, representantes do evento fizeram discursos contra as medidas propostas por Temer, principalmente as reformas da Previdência e Trabalhista. Cada discurso era intercalado por gritos de “Fora, Temer” e muitos dos presentes também pediam “Diretas já”. A gestão do peemedebista era referida a todo momento como “governo golpista”.
Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que a função do grupo é “derrubar o governo”. Ele defendeu eleições diretas e pediu: “Lula lá”.
— Nossa função é derrubar esse governo golpista o quanto antes. Não é possível nenhum entendimento social com golpista. O que precisamos é destituí-lo, fazer eleições diretas em 2017. Não há acordo nenhum com governo Temer. Ficar contra a reforma Trabalhista, da Previdência, e defender Diretas já é que vai unificar os trabalhadores. Temos que construir a greve geral para acabar com esse governo. Temer quer acabar com o direito do trabalhador se aposentar. Quer concretizar o golpe com essas reformas. Vamos destituir o Temer e restituir a democracia — disse.
Gilson Reis, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de de Ensino (CONTEE), fez uma defesa de Lula e afirmou que, se o ex-presidente for preso, todos irão junto.
— Querem prender o Lula. Se prender o Lula, tem que prender cada um de nós. Porque nós não aceitaremos de jeito nenhum a prisão do nosso companheiro — exclamou.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, afirmou que os estudantes devem travar uma luta contra a reforma da Previdência:
— A reforma da Previdência vai ser a principal batalha do próximo período. A nossa geração nunca mais vai se aposentar. É isto que está colocado na reforma da Previdência — afirmou.
João Antônio Felício, secretário da CUT, rechaçou qualquer aliança dos setores de oposição com o governo Temer:
— Está na hora da esquerda dizer: com traidor, aliança nunca mais. As disputas têm que ser mais ideológicas, mais de classe. Estamos em fase agora de convencimento da nossa base social de que esse governo golpista é contra ela — afirmou.
Um dos representantes da entidade na América Latina encerrou seu discurso dizendo: “Viva Lula, viva Cristina Kirchner”. Assim como Lula, a ex-presidente da Argentina também foi indiciada por corrupção.