Acelerar o processo para que o Paraná alcance o mais rápido possível o status de área livre de febre aftosa em vacinação. Foi com esse objetivo que a coordenação do Programa Oeste em Desenvolvimento promoveu uma reunião, na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, na tarde de terça-feira (25). Participaram do encontro representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Sindicarnes, Sindileite, Sebrae/PR e Ocepar. “Nós estabelecemos um plano de ação, definindo o que cada entidade deve fazer para atingir o mais breve possível esse status”, informou o gerente executivo da Cooperativa Central Frimesa e um dos coordenadores do Programa Oeste em Desenvolvimento, Elias Zydek.
Reconhecimento – Atualmente, o Paraná é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa com vacinação. “O Estado já vem tentando buscar ser uma área livre de febre aftosa sem vacinação há quatro, cinco anos, e os entraves sempre aparecem, seja por contração de pessoal ou por infraestrutura necessária. Hoje é preciso contratar 70 profissionais médicos veterinários para fazer a fiscalização em todo o Estado do Paraná, somando aos atuais. E podemos dizer que o principal problema é o Estado concluir a sua estrutura física nas divisas do Paraná com os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. É necessário reabilitar 23 postos de fiscalização nesses locais”, informou. “Mas a reunião foi muito positiva. As entidades representadas foram todas favoráveis à aceleração desse processo. É preciso uma participação muito efetiva do governo do Estado, através da Adapar, e também da iniciativa privada”, acrescentou Zydek.
Condição indispensável – Ainda de acordo com ele, essa condição é indispensável para o Estado. “Ou o Paraná fica livre da aftosa sem vacinação ou fica fora do mercado internacional. As exigências são cada vez maiores e a condição básica é não realizar a vacinação de febre aftosa. Porque a pergunta sempre vem: se não tem a doença, porque ocorre a vacinação? Então, não há razão para que continuemos vacinando os animais se o vírus da doença não está circulando no rebanho paranaense. Dessa forma, é uma questão de nos organizar, fazer os investimentos necessários e conseguir, no mais curto prazo, atingir esse objetivo”, ressaltou.
Etapa a ser cumprida – Zydek destacou ainda que, mesmo vencidos todos os obstáculos, haverá ainda uma longa etapa a ser cumprida. “Para se ter uma ideia, depois de resolvida a questão de infraestrutura e pessoal, serão necessários, no mínimo, dois anos para que a OIE forneça essa certificação. Mas antes disso é preciso encerrar a vacinação, fazer um período de isolamento de um ano, realizar sorologia do rebanho, certificar-se de que não existe mais o vírus circulando, fazer a solicitação à OIE, que só se reúne em Roma uma vez por ano, no mês de maio. Assim, se tudo for cumprido dentro do calendário, o Paraná só estaria livre, se parar a vacinação no ano que vem, possivelmente em maio de 2019. Então, veja que isso tudo é a longo prazo por isso a nossa preocupação em começar logo essas ações”, esclareceu.
Abertura de mercado – O coordenador do Oeste em Desenvolvimento destacou ainda que o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação irá proporcionar a abertura de mercado à carne produzida no Estado. “Hoje no Paraná a produção de suínos encontra 65% do mercado comprador fechado por problemas de status sanitário. Não é possível que isso ocorra num Estado que está ocupando a posição de terceiro, quase segundo produtor nacional de suínos. Nem temos a chance de competir nesses mercados porque está proibida a entrada de carne suína lá. Então, nós não temos saída. O Paraná precisa liberar esses mercados para vender o seu produto no exterior. E a suinocultura paranaense depende muito da exportação. Nós temos excedente, somos competitivos em custo e qualidade. Só não temos o status de área livre. Daí, a pressa em avançarmos nesta questão”, reforçou.
Estratégias – O gerente de saúde animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, disse que para o Paraná atingir o novo status sanitário é preciso fazer adequações, inclusive estruturais para dar consistência ao pedido do estado. “Por isso, discutimos muito sobre as adequações dos postos de fiscalização nas divisas dos estados do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a contratação de médicos veterinários e assistentes para trabalharem na vigilância da doença, e principalmente a estruturação da agência”, disse.
Riscos – Dias reforçou a necessidade de estar preparado para, no caso da suspensão da vacinação do rebanho bovino, evitar o surgimento de focos de aftosa. “O risco da introdução da doença existe mesmo com a vacinação, tanto que os últimos focos que tivemos ocorreram em áreas em que se pratica a vacinação contra a febre aftosa. Então, o que se pretende fazer com a suspensão da vacinação é aumentar a vigilância, pois, quanto mais eficiente ela for, maior será a chance de evitar a entrada do vírus”, ressaltou.
Benefícios – O gerente da Adapar disse ainda que a conquista do status livre de febre aftosa sem vacinação proporcionará enormes benefícios ao estado. “Os ganhos são inúmeros, principalmente para a suinocultura, pois muitos mercados deixam de comprar carnes (bovinas ou suínas) do Brasil, especificamente do Paraná, porque ainda fazemos a vacinação contra uma doença que não se tem mais nas Américas desde 2012. Portanto, a pretensão com a conquista deste status é abrir mercados que atualmente não compram do Paraná por causa disso”, pontuou.
Apoio – O superintendente federal do Mapa no Paraná, Gil Bueno, avaliou positivamente a reunião realizada nesta terça, em Curitiba, e disse que o Mapa irá fornecer o apoio necessário para que o Paraná alcance a condição de área livre de aftosa sem vacinação. “Todo encontro realizado para promover o diálogo e a discussão sobre o assunto, envolvendo todas as entidades, é fundamental. É um trabalho que não é de hoje. Recentemente em Cascavel, no oeste do Estado, nós tratamos desse tema com as entidades e produtores. E nesse encontro houve vários pontos bem encaminhados. A legislação federal já prevê o que deve ser feito para que seja atingido esse status. Cabe ao Estado manifestar o desejo, cumprir a normativa da OIE e o Mapa irá fazer as auditorias, avaliar o que está sendo feito. O nosso pessoal técnico tem dado todo o apoio, procurado orientar e ajudar, mas depende do Estado do Paraná fazer os ajustes necessários para alcançar esse objetivo. Acredito que hoje foi dado mais um passo para que se concretize essa meta”, afirmou Bueno.
A aftosa – Segundo a Adapar, a febre aftosa é uma doença infecciosa aguda, causada por vírus, sendo uma das mais contagiosas que atingem os bovinos, búfalos, ovinos, caprinos e suínos. Causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas) principalmente na boca e nos cascos, dificultando a movimentação e alimentação dos animais, o que acarreta elevada e rápida perda de peso e queda na produção de leite, tendo como consequência grandes prejuízos na exploração pecuária. O vírus está presente no epitélio e fluido das vesículas e também pode ser encontrado no sangue, saliva, leite, urina e nas fezes dos animais afetados. Qualquer objeto contaminado com uma dessas fontes de infecção torna-se uma perigosa fonte de transmissão da doença de um rebanho a outro. Os animais contraem o vírus por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados. A doença é transmitida pela movimentação de animais, pessoas, veículos e outros objetos contaminados pelo vírus. Pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus por meio de suas mãos, roupas e calçados.No Paraná, são realizadas duas campanhas de vacinação contra a aftosa: em maio e novembro.
Prejuízos – Ainda de acordo com a Agência, a principal consequência da ocorrência da febre aftosa é econômica. Devido ao alto poder de difusão do vírus e aos impactos econômicos provocados pela doença, os países e áreas livres de febre aftosa estabelecem fortes barreiras à entrada de animais susceptíveis e seus produtos oriundos de regiões com febre aftosa. Assim, basta apenas um foco desta doença (uma propriedade atingida) para haver restrição ao mercado internacional, e até mesmo ao mercado nacional, já que animais e produtos de origem animal ficam proibidos de serem comercializados para países livres ou áreas livres de febre aftosa. Essas barreiras têm efeitos negativos sobre a pecuária e na economia do país, com graves consequências sociais.
Oeste em Desenvolvimento – O Programa Oeste em Desenvolvimento é uma ação de governança regional que busca promover o desenvolvimento econômico da região por meio de um processo participativo, fomentando no território a cooperação entre os atores, públicos e privados, para o planejamento e a implementação de uma estratégia de desenvolvimento integrada.
Fonte: Sistema Ocepar – 27/10/2016
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Fonte: Sistema FAEP