Num primeiro momento, a venda de camarão fresco e graúdo na feira de produtos agropecuários, que ocorre mensalmente na praça central de Laranjeiras do Sul, na região Centro-Sul do Paraná, chama a atenção, até certo ponto, por conta da preocupação com a origem do produto. Afinal, o município está a mais de 450 quilômetros de distância do Litoral do Estado. A explicação para o comércio do crustáceo sem qualquer processo de congelamento está na iniciativa de estudantes de engenharia de aquicultura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em parceria com produtores locais de peixes.
No final de 2014, por meio de estágios no campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Palotina, na região Oeste, e na Univille, na cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, os alunos tiveram o primeiro contato com o processo de produção de camarão em água doce. A partir de então, com a certeza de que a atividade também poderia dar certo em Laranjeiras do Sul, o grupo procurou produtores envolvidos com a criação de peixes para uma parceria-teste.
Imediatamente, até pelo histórico da região com a piscicultura, cinco produtores demonstraram interesse, cedendo tanques para o alojamento das larvas, importadas do Rio de Janeiro, do camarão da espécie conhecida como ‘gigante da Malásia’. “No início, o desafio era identificar se o animal se adaptava a região. E também se os produtores teriam afinidade com a cultura”, conta Silvia Romão, coordenadora do projeto de extensão da UFFS.
Em cada tanque foram depositadas duas mil larvas do crustáceo. Quatro meses depois, camarões de grande porte, com até 40 gramas, estavam na feira, onde foram cobiçados e disputados pela população local. “A fêmea pode chegar a 32 centímetros e 500 gramas. Mas entre 25 e 40 gramas já atingiu o tamanho para comercialização”, diz Silvia.
Bastou uma temporada para comprovar que a produção de camarão em Laranjeiras do Sul é viável. Dentro da janela de produção, entre outubro e maio, é possível realizar dois cultivos. Nos meses de inverno, as larvas não sobrevivem. A temperatura ideal da água precisa estar nos 20 graus, sendo que abaixo de 13 e acima de 34 os animais morrem. “Mesmo em oito meses, temos viabilidade econômica no negócio”, enfatiza a coordenadora da UFFS.
Inclusive, a criação de camarão é uma forma de diversificar a piscicultura, pois pode ocorrer em consórcio com os peixes, sem risco para nenhuma das espécies. Neste caso, o crustáceo deve ser colocado no açude antes das tilápias, carpas, traíras, lambaris e tambaquis. Desta forma, o animal ocupa o fundo do tanque e identifica esconderijos para se abrigar, enquanto os peixes utilizam a coluna d’água. Ainda, os camarões irão se alimentar de restos da ração dos inquilinos.
Leia a matéria completa aqui.
A notícia Camarão de água doce diversifica produção de piscicultores do Centro-Sul apareceu pela primeira vez em Sistema FAEP.
Fonte: Sistema FAEP