Aproximadamente um bilhão de toneladas de alimentos produzidos no mundo são desperdiçados a cada ano, gerando um prejuízo de US$ 750 bilhões. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a infraestrutura precária e o manuseio inadequado colaboram para perdas de produtos, principalmente de frutas e hortaliças, que são mais sensíveis. No Brasil, pesquisas realizadas pela Embrapa Agroindústria de Alimentos apontam que o desperdício nesse segmento atingem em média 30% e 35%, respectivamente.
Os dados foram apresentados pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Antônio Gomes Soares, no painel “Como reduzir o desperdício na cadeia produtiva das hortaliças”, no Workshop Hortaliças – Mais Segurança, Menos Desperdício, nesta segunda-feira (17/10), em Brasília. O evento foi promovido pela Comissão Nacional de Frutas e Hortaliças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Durante a palestra, o pesquisador revelou que 54% do desperdício de alimentos ocorre na fase inicial da produção, na manipulação após a colheita e no armazenamento. As etapas de processamento, distribuição e consumo correspondem a 46%.
- Como esses produtos são sensíveis, qualquer queda ou manuseio inadequado prejudica a qualidade deles, que acabam chegando às prateleiras dos supermercados e feiras com imperfeições – explicou Antônio Gomes.
Para ele, as principais causas do desperdício são o uso de embalagens e transporte inadequados, a classificação não padronizada, a comercialização a granel, o excesso de toque nos produtos pelos consumidores, o acúmulo de frutas e hortaliças nas gôndolas de exposição de varejo e a deficiência gerencial e administrativa nos centros atacadistas.
- Precisamos reduzir o desperdício da cadeia produtiva e garantir o aumento da produção e do consumo. A capacitação técnica do produtor rural é uma alternativa para solucionar esse gargalo – afirmou o pesquisador.
O painel sobre “O papel das hortaliças na alimentação saudável” foi apresentado pela professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), Raquel Braz Botelho, que abordou desde o consumo desses produtos, até a forma como são preparados. Segundo pesquisa citada, 37% dos brasileiros consomem 8 porções diárias de frutas e hortaliças.
- Ao longo dos anos, as pessoas foram mudando de hábito e inserindo esses produtos na alimentação. Hoje, elas não comem frutas e verduras apenas porque são recomendadas em dietas, mas sim porque são saborosas e saudáveis – declarou.
A professora e doutora em Ciências da Saúde em Gastronomia Regional disse que muitos têm dúvidas na hora de preparar o alimento.
- Cru, cozido a vapor, cozido no micro-ondas, refogado, coloco pouca ou muita água? Cada vegetal tem uma forma adequada de se fazer. É certo que a maneira escolhida influencia no resultado final do alimento, como a quantidade de fibras, nutrientes, sabor e até coloração. O ideal é que cada pessoa escolha como quer fazer e continue consumindo esses produtos – finalizou.
Fonte: CNA