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CONSUMO DE CAFÉ PELO MUNDO

O Relatório Internacional de Tendências do Café, do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, da Universidade Federal de Lavras, do mês de setembro de 2016, destaca nas suas principais análises o rápido crescimento do consumo de café na Coreia do Sul. De acordo com o Bureau, o mercado coreano de café mais que dobrou de valor em 2014, em comparação com dados de cinco anos anteriores, o qual teria alcançado a cifra de US$4,85 bilhões nesse ano. O Relatório destaca ainda que o país asiático teria alcançado a marca de US$5,46 bilhões no mercado de café em 2015.

O Bureau atribui esse expressivo aumento do consumo do café na Coreia especialmente aos jovens, que buscam uma experiência única e diferenciada de consumo, pois além de o café ser um atrativo de socialização, a bebida tem ganho popularidade pelas recentes descobertas de seus benefícios à saúde. Com esses atributos positivos, a bebida tem sido consumida pelos sul coreanos em média 12 vezes por semana, frequência superior à do arroz branco – 7 vezes por semana -, alimento base no país. Dessa forma, o Relatório enfatiza que a Coreia se coloca como o “sexto maior consumidor da bebida, em termos de xícaras”, a despeito de possuir uma população relativamente pequena que ocupa a 27ª posição no ranking mundial.

De acordo ainda com o Relatório Internacional de Tendências do Café (VOL. 5/Nº 08/ SETEMBRO 2016), o sul coreano também está refinando seu paladar, dando preferência aos cafés de qualidade superior e, com isso, está incentivando o aumento de cafeterias. Segundo o Relatório, uma grande multinacional norte-americana do café, que iniciou suas atividades na Coreia em 1999 e continua expandindo suas atividades nesse país, já conta com aproximadamente 9000 estabelecimentos tradicionais, além de outras 50 lojas gourmets que atuam no segmento. Em contraponto, o Bureau destaca que com a sofisticação do consumo predominantemente marcado pela busca de produtos de qualidade superior, o mercado de cafés instantâneos (solúvel) tende a ter um declínio, diminuindo de 40% para 30% do consumo total.

Ainda em relação à Coreia do Sul, o Bureau de Inteligência Competitiva do Café menciona que pesquisadores descobriram uma maneira de utilizar os resíduos da borra de café como combustível por meio da nanotecnologia. No caso, a borra é utilizada para produzir carbono ativado que é capaz de absorver e armazenar metano e hidrogênio, substâncias que podem ser utilizadas como combustível.

Outro destaque do Bureau em relação ao consumo de café na Ásia, são os efeitos nocivos do descarte das cápsulas de monodoses no meio ambiente. Uma grande empresa multinacional da Suíça tentando amenizar os impactos ambientais das cápsulas, tem estimulado e/ou desenvolvido uma série de programas que visam à sustentabilidade ambiental. Cita como exemplo, em Cingapura, onde as cápsulas recolhidas são destinadas à reciclagem e a borra de café transformada em adubo e fertilizante.

O uso da borra de café na mistura da compostagem do solo melhora a capacidade das plantas de reter umidade e reduzir o consumo de água. Além disso, a acidez das partículas de café repele caracóis e, com isso, isenta os trabalhadores de retirá-los manualmente. O conjunto dessas medidas além de permitir a reciclagem dos componentes das cápsulas têm contribuído para o envolvimento dos consumidores em ações de sustentabilidade. E em complemento o alumínio das cápsulas é enviado para a Malásia e Coréia do Sul para serem reciclados.

Nesse mesmo contexto da sustentabilidade da cafeicultura, em nível mundial, o Bureau cita novamente uma grande empresa multinacional suíça do setor que tem utilizado as sobras de café solúvel para cozinhar alimentos em mais de 20 fábricas espalhadas pelo mundo. Com essa medida, segundo o Relatório, a empresa evita o descarte de aproximadamente 800 mil toneladas de borra de café para aterros.

Na Europa, também com relação ao destino dos resíduos do café, o Bureau destaca medidas de sustentabilidade que uma outra grande empresa inglesa com interesse no setor desenvolve para transformar os resíduos coletados de fabricantes de café solúvel – cerca de 200 mil toneladas em Londres e no sudeste da Inglaterra – em pastilhas de biomassa para geração de energia. Além da borra, os grãos, compostos por quantidades significativas de óleo, também são utilizados para a produção de combustível. Os óleos podem ser extraídos por meio de um processo químico e convertidos em biodiesel.

Na seção INDÚSTRIA, especificamente em USOS ALTERNATIVOS DO CAFÉ, o Relatório Internacional de Tendências aponta que o café também contém uma variedade de produtos químicos considerados valiosos que, quando isolados e purificados, podem ser utilizados, tais como: ácido clorogênico, aditivo alimentar que reduz ligeiramente a pressão arterial; trigonelina, substância que ajuda a prevenir e tratar a diabetes e doenças do sistema nervoso central; polihidroxialcanoatos, utilizados para a produção de bioplásticos; e uma vasta gama de antioxidantes que podem ser utilizados na área da saúde ou adicionados a combustíveis e lubrificantes para prolongar sua vida útil. Por fim, aduz que a versatilidade dos resíduos de café é algo que merece ser explorado e, diante da grande quantidade disponível e do baixo custo para sua obtenção, mostra-se como um componente interessante para ser utilizado em pesquisas e desenvolvimento de produtos com menor custo de produção.

O Relatório Internacional de Tendências do Café, de setembro de 2016, que vale a pena ser conferido na íntegra, está disponível na aba ‘Conjuntura Mundial’ do Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.  O Relatório é dividido em três seções temáticas e uma seção de INSIGHTS.  Cada seção temática  é  iniciada  por  um  sumário  que   apresenta os principais pontos abordados. Os tópicos, por sua vez, são elaborados a partir de notícias nacionais e internacionais coletadas pela equipe do Bureau. Nos Insights, os analistas do Bureau apresentam a sua interpretação e considerações acerca dos tópicos apresentados.

O Relatório Internacional de Tendências do Café do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, da UFLA, instituição fundadora do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café, faz parte do projeto “Criação e Difusão de Inteligência Competitiva para Cafeicultura Brasileira”, executado no âmbito do Consórcio e financiado pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. Tem como objetivo monitorar, analisar e difundir informações, indicadores e tendências relevantes para a competitividade da cafeicultura, bem como propor soluções estratégicas para o setor. As edições do Relatório estão disponíveis no portal da UFLA e no Observatório do Café.

Fonte: Embrapa



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