Por Tânia Moreira Alberti – economista do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP
De acordo com dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) a área de trigo no Estado reduziu 20%, a estimativa para a produção é de 3,30 milhões de toneladas, com aumento de 1% em relação à safra passada. O percentual colhido no Estado é de 22%, e o preço médio recebido pelos produtores já dá sinais de enfraquecimento, beirando o patamar do preço mínimo.
Para verificar os fatores que estão pressionado os preços é necessário avaliar o quadro de oferta e demanda mundial, bem como o quadro no Mercosul.
- Quadro de oferta e demanda mundial:
Em seu último relatório, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção global em 744,85 milhões de toneladas, caracterizando uma produção recorde na escala global, apesar do aumento estimado para o consumo em 736,38 milhões de toneladas. A relação entre os estoques finais e consumo permanece alta, assim os preços globais seguem pressionados.
A Rússia teve sua estimativa de produção elevada em relação à safra anterior. A União Europeia sofreu corte na produção, o que tem sido compensando pelos aumentos de produção nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Assim os preços globais permanecem em baixa. O preço do trigo na Bolsa de Chicago é 37% inferior aos preços médios registrados nos últimos cinco anos, considerando as cotações de agosto.
- Quadro de oferta e demanda no Mercosul:
A Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil, apresenta recuperação na área na temporada atual. Com a área estimada entre 4,3 a 4,6 mil hectares, a produção poderá passar dos 11,3 milhões de toneladas da safra passada, para os 14 a 15 milhões de toneladas na temporada atual, com colheita a partir de novembro. Assim a disponibilidade para exportações pode aumentar em relação ao observado nas últimas quatro safras.
No Paraguai e Uruguai o USDA estima redução da produção, da exportação no Paraguai e manutenção das exportações no Uruguai. No Brasil é estimado aumento de produção de 5,5 para 6,30 milhões de toneladas, com previsão de aumento nas importações e estoques finais.
Em resumo, as estimativas para oferta no Mercosul apontam para a produção de 22,46 milhões de toneladas, acima da safra passada, e acima da média das últimas cinco safras. O consumo se mantém estável em relação à safra passada, estimado em 17,25 milhões de toneladas, de forma que o estoque final é estimado em 2,92 milhões de toneladas, segundo do USDA, acima da safra passada, porém mais ajustado que a média das últimas cinco safras. O maior estoque final é no Brasil.
Considerando a soma as exportações da Argentina, Paraguai e Uruguai menos as importações brasileiras, haveria ainda uma sobra estimada de 4,1 milhões de toneladas, a partir de dados da Safras e Mercado, lembrando que as colheitas ainda não aconteceram.
- Quadro de oferta e demanda no Brasil:
A produção brasileira é estimada em 6,1 milhões de toneladas, com aumento de 11,4% em relação à safra passada, segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). A área reduziu 14,4%, mas a produtividade tem estimativa de aumentar 30% em relação à safra anterior.
A necessidade de consumo é estimada em 10,71 milhões de toneladas, com estimativa de importação de 5,3 milhões de toneladas segundo a Conab.
Considerando o ano comercial de 2015/16 as importações foram de 5,51 milhões de toneladas, 65% provenientes da Argentina e maiores que do ciclo anterior de 5,32 milhões de toneladas.
o Quadro de preços recebidos pelos produtores no mercado interno paranaense:
Com o início da colheita no Estado o preço médio recebido pelo produtor já dá sinais de enfraquecimento. O preço médio nominal mensal em agosto foi de R$ 43,87 por saca, o preço médio atual já está no mesmo patamar do preço mínimo estabelecido na Política de Garantia do Preço s Mínimos (PGPM), de R$ 38,65 por saca, na safra 2016/17.
No patamar atual, R$ 38,49 por saca na cotação da SEAB, o preço está abaixo do custo operacional médio no Paraná, de R$ 45,08 por saca, calculado pela Conab, e quase igual ao custo variável médio no Estado, de R$ 38,24 por saca.
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Fonte: Sistema FAEP