A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai a campo neste mês de setembro para concluir seu primeiro levantamento sobre a produção de grãos no país nesta safra 2016/17, mas antecipou, em estudo divulgado ontem, que enxerga um cenário positivo para as principais culturas e uma colheita total da ordem de 200 milhões de toneladas, marca que não foi alcançada no ciclo 2015/16 em consequência de adversidades climáticas.
De acordo com o estudo “Perspectivas para a Agropecuária – Safra 2016/17″, divulgado pela Conab, a tendência geral é de recuperação dos volumes de produção, sobretudo de milho, arroz e feijão. No caso da soja, carro-chefe do campo brasileiro e grão menos prejudicado pelas intempéries na temporada passada, as perspectivas indicam boa liquidez e preços remuneradores.
“A tendência para a safra 2016/17 é termos o fenômeno La Niña, mas com chuvas dentro da normalidade”, disse Wellington Teixeira, superintendente de gestão de oferta da Conab. Se confirmada essa tendência, afirmou, a produção deverá se recuperar, mas ainda é difícil prever os volumes que poderão ser atingidos. De qualquer forma, ele prevê rentabilidades em geral positivas.
No caso da soja, por exemplo, o estudo estima, com base no custo variável apurado em maio (R$ 38,29 por saca de 60 quilos), uma rentabilidade de R$ 35,90 por saca, “caso os agricultores tenham fechado contratos antecipados próximos deste valor”, de acordo com a Conab. Os técnicos da autarquia projetam que a rentabilidade do milho poderá ser até maior que a da soja em algumas regiões na safra de verão, desde que o clima colabore. Isso poderá acontecer, por exemplo, em Barreiras, no oeste da Bahia. Para a segunda safra de milho, a expectativa é de ampliação de área em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás.
Para o arroz e o feijão, itens básicos na alimentação do brasileiro, a tendência apontada pela Conab é de queda de preços, uma vez diluído o impacto “altista” gerado pelas perdas de produção provocadas por intempéries. Sérgio Roberto Gomes, da gerência de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, observa que os preços do arro atualmente estão em torno de R$ 49 a saca e que, a partir da recuperação da oferta, poderão diminuir para menos de R$ 40.
O estudo da Conab também projeta um horizonte de preços elevados para as carnes, com pequenos aumentos do consumo doméstico das carnes bovina e de frango e ofertas ainda limitadas. Em contrapartida, os preços do milho deverão continuar pesando nos custos de produção, especialmente das carnes de frango e suína. “Os produtores de carne deverão se adaptar a um novo modelo de comercialização de insumos”, disse Wellington Teixeira. Nesse “novo modelo”, as compras antecipadas tendem a ganhar espaço.
Fonte: Valor Econômico -14/09/2016
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