Em meio ao cenário desafiador imposto aos produtores rurais cearenses em decorrência da seca de quatro anos consecutivos, o Seminário Nordestino de Pecuária (Pecnordeste) surge como oportunidade ao homem do campo para a criação de novos negócios. O evento, que acontece em sua 19ª edição, no período de 16 a 16 de junho, no Centro de Eventos do Ceará, foi lançado na manhã de ontem.
O Pecnordeste oferece também espaço para o aprendizado de novas técnicas para serem utilizadas no meio rural, a fim de aumentar a produtividade, através de mecanismos que permitem a melhor convivência com a pouca oferta de água.
Flávio Saboya, coordenador da Pecnordeste, destaca o papel que o setor pecuário exerce no Estado, trazendo renda e alimento às famílias. Entretanto, lastima a defasagem técnica que ainda persiste entre trabalhadores do ramo.
- Lamentavelmente, as práticas do nosso homem do campo ainda são muito tradicionais. Eles estão fazendo o que faziam há cem anos. A pecuária no Semiárido nordestino pode ser uma atividade extremamente competitiva e empreendedora, mas precisa de gestão, inovação e tecnologia. O Pecnordeste oferece espaço para isso, permitindo que o pecuarista encontre soluções para suas atividades – ressalta Flávio.
Conforme o coordenador geral da Pecnordeste, Paulo Helder de Alencar Braga, 70 caravanas do Interior já estão confirmadas para o evento. No total, a expectativa é de que mais de 4 mil produtores inscrevam-se para participar do seminário, além de 30 mil visitantes.
- É um seminário que reúne sete cadeias produtivas do agronegócio, e duas não ligadas à pecuária, que são o turismo rural e o artesanato – explica Flávio, apontando que o evento é o maior do tipo no Nordeste.
De acordo com Paulo Helder estão programadas 92 palestras técnicas, 17 oficinas e três mesas redondas durante o seminário.
Estudantes
Há, ainda, uma parceria entre a organização do evento, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, no sentido de levar estudantes da rede pública para conhecer o Pecnordeste.
- A gente tenta mostrar para a população da cidade a importância do homem do campo, porque é ele que produz o alimento para colocar nas nossas mesas – lembra Paulo Helder.
Racionamento
- As águas estão sendo reduzidas. Somos os primeiros a receber os cortes (setor da agricultura e da irrigação). Ontem tivemos reunião com a Cogerh e eu senti, por parte da direção do órgão, muita sensibilidade em ter um trabalho participativo. Estamos nos propondo a designar pessoas nos municípios, na tentativa de encontrar uma solução que seja mais compatível com a realidade dos produtores, mas que também coopere com a redução hídrica, priorizando o consumo humano – afirma ele.
A Cogerh está identificando todas as propriedades que têm a outorga (direito de usar água) na região do Baixo Jaguaribe. O órgão, então, corta parte da cota de água que seria destinada para o local.
- Para o pequeno produtor, isso pesa muito. Ele só tem aquela pequena área irrigada. É possível a gente socializar mais esse corte da água na tentativa de não criar grandes problemas para alguns, que poderiam ser distribuído entre todos – acrescenta Paulo Helder.
Exportador
O Ceará, atualmente, é o quinto maior exportado de mel do Brasil. Já esteve em segundo lugar, mas, por causa dos quatro anos de seca consecutivos, a produção do Estado vem caindo.
- Apesar disso, como a atividade está sendo trabalhada pelos institutos de pesquisa, a SDA, o Sebrae, a UFC, os incentivos do governo com projetos sociais, acredito que mesmo durante a seca, nos próximos anos o Ceará desponte como um dos maiores exportadores de mel – ressalta Vinícius Araújo de Carvalho, meliponicultor e apicultor.
Fonte: Diário do Nordeste