Como num efeito dominó, as barreiras para a venda da carne bovina brasileira e paranaense para o mercado externo continuam a cair uma a uma em 2016. Depois da liberação do produto nacional “in natura” para os Estados Unidos em julho, agora foi a vez do Paraná retomar os embarques de gado vivo e de carne bovina para o Líbano, graças à decisão tomada pela direção de Recursos Animais do Ministério da Agricultura do país árabe.
O embargo, que vinha sendo aplicado há quatro anos devido ao caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) registrado no Estado de um animal morto em 2010, foi a justificativa para o entrave comercial até agora. De janeiro a abril deste ano, o Líbano comprou do País em torno de 4,1 mil toneladas de carne bovina, uma leve queda em comparativo ao mesmo período do ano passado, quando fechou em 4,6 mil toneladas. Entre os 20 principais destinos, os árabes ocupam a 17ª colocação atualmente no ranking nacional.
Para os especialistas do segmento, a abertura de exportações para outros países – mesmo que seja em menor volume – é interessante para escapar do mercado interno, já que a carne bovina perdeu certo espaço para aves e suínos devido ao aumento do preço da arroba. O zootecnista do Departamento Técnico Econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Guilherme Souza Dias, salienta que essa abertura do mercado libanês acaba sendo uma vantagem competitiva. “Retomar as exportações para um mercado que estava fechado sempre é importante. O consumo interno está deixando a desejar, os frigoríficos estão pagando caro pelo produto e não estão conseguindo repassar ao consumidor. A exportação acaba sendo uma boa saída para os pecuaristas, que recebem um valor diferenciado na venda para outros países.”
Preço bom
Hoje, em torno de 20% da carne produzida no Paraná é enviada para o mercado externo, sendo os principais compradores Hong Kong (34%), Irã (33%), Chile (12,7%) e Rússia (10,2%), segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura (Seab). Além desses tradicionais importadores, a Arábia Saudita voltou a comercializar em 2016 e já ocupa a quinta posição, sem contar países de menor expressão, mas que possuem uma boa representatividade, como por exemplo Vietnã, Haiti, Emirados Árabes, Antilhas Holandesas, Sérvia e Ucrânia. “Há mercados mais importantes que o Líbano, mas vale ressaltar que o mundo árabe paga um preço muito bom pela nossa carne, o que torna essa abertura de mercado algo promissor”, salienta o médico veterinário do Deral, Fabio Mezzadri.
De janeiro a julho, o Paraná exportou 19,9 mil toneladas e, sem dúvida, deve ultrapassar a marca de 23,7 mil toneladas fechadas em 2015. “Acredito que a exportação do boi vivo seja mais complexa de acontecer, porque envolve o envio de outros subprodutos, como o couro, e muitos não concordam com isso. Precisamos focar na carne de qualidade, que tem uma produção que pode evoluir muito, inclusive para abastecer o mercado interno.”
Fonte: Folha de Londrina
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