Três vezes por semana, o produtor rural Lucas Rabbers, de Castro, região dos Campos Gerais, faz a coleta de leite para identificar as vacas que estão prenhes num rebanho de 600 fêmeas em lactação da raça Holandesa. Pela manhã, o produto coletado em pequenos frascos é encaminhado para o laboratório da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), em Curitiba. Lá, as amostras são analisadas e, no fim da tarde, Rabbers recebe um relatório detalhado com o diagnóstico de qual vaca está prenhe ou vazia. Criada há dois anos nos Estados Unidos, essa tecnologia ainda é pouco usada por aqui e se tornou conhecida no mercado em outubro do ano passado, através de uma iniciativa da APCBRH.
Segundo o médico-veterinário Altair Antonio Valloto, superintendente administrativo da Associação, o teste de prenhez, cuja patente é da empresa Idexx, detecta no leite a presença de glicoproteínas (GPA) produzidas durante o período de gestação. Nessa fase, a vaca passa a produzir essas proteínas em níveis mais elevados e, dessa forma, podem ser identificadas nas amostras de leite a partir do 28º dia de gestação. O teste pode ser usado com 21 dias após a transferência de embriões e 28 dias após a inseminação artificial e monta natural.
Na atividade leiteira, um dos grandes gargalos ocorre em relação ao controle da fertilidade das vacas para que elas se reproduzam e tenha produção de leite. “Por isso, investimos nessa tecnologia simples, fácil e rápida para que todos os produtores possam melhorar a eficiência do sistema reprodutivo dos animais”, destaca Valotto.
O gerente do laboratório José Augusto Horst explica que o teste de prenhez, baseado na técnica Elisa, produz uma coloração cuja intensidade é medida por um leitor ótico específico e determinada pela concentração das GPAs. De acordo com ele, o teste pode apresentar três diagnósticos diferentes: prenhe, vazia ou reteste. “Neste último caso, a análise deve ser repetida no mês seguinte”, observa Horst.
Segundo Altair, a utilização dessa tecnologia apresenta uma série de vantagens ao pecuarista, entre elas a otimização de mão de obra na propriedade. Hoje, normalmente, para saber se a vaca está prenhe pode ser feito um exame clínico, com o auxílio de um aparelho de ultrassom, 30 dias após a inseminação artificial ou a monta natural. Com o uso destas técnicas, como explica o superintendente, a partir de 25 dias o médico-veterinário realiza a palpação via retal dos órgãos genitais das fêmeas para identificar a gestação. “Com o teste, esse profissional deixa de fazer um procedimento manual e sobra tempo para discutir a reprodução do rebanho todo.”
É o que vem ocorrendo na Agropecuária Rabbers. O filho, que também se chama Lucas, conta que o teste de prenhez pelo leite mudou o manejo do rebanho por lá. “Antes o serviço do veterinário era braçal, avaliando vaca por vaca. Agora, ele está participando mais das nossas atividades e tem mais tempo para analisar os índices técnicos no que se refere à alimentação, saúde e reprodução animal. Dessa forma, já melhoramos os nossos índices reprodutivos.”
De acordo com Altair, o uso da tecnologia também evita perdas na produção de leite porque não interfere no manejo dos animais. Durante a palpação via retal, por exemplo, as vacas precisam ser separadas e, como elas não gostam de sair da rotina, o procedimento acaba provocando estresse. “Isso pode diminuir a produtividade de leite em até três dias”, explica, acrescentando que a coleta para o teste pode ser feita normalmente durante a ordenha.
No que se refere aos sistemas de produção, o superintendente afirma que a APCBRH investiu numa metodologia que é viável também aos pequenos produtores. Jaime Fuentes Knupp, de Mandaguari, sabe bem disso. Há dois meses ele está fazendo a coleta de leite para monitorar a prenhez de 50 vacas na Estância Knupp. Pelas contas de Jaime, o uso do teste resultou em economia para a propriedade. “Uma das grandes vantagens é que não preciso contratar um veterinário para realizar o exame de toque nas vacas. Os custos baixaram, mas não interferiram na sanidade e produtividade do rebanho”, avalia. A média de produção de Knupp é de 35 litros de leite por animal.
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Fonte: Sistema FAEP