Carente de potência, a rede de energia elétrica do interior não acompanha o desenvolvimento do campo, restringindo o uso de equipamentos e de tecnologias. No Vale do Rio Pardo, não são raros os exemplos de propriedades em que chuveiros e demais aparelhos domésticos não podem ser usados ao mesmo tempo que estufas, motores, secadoras, ordenhadeiras mecânicas ou tanques de resfriamento de leite. A fragilidade do sistema também interfere no volume da produção, que poderia ser maior se as redes monofásicas fossem substituídas pelas trifásicas, capazes de gerar uma melhor distribuição de carga.
O esforço de Irineu Saath, de 47 anos, em diversificar a produção esbarra no fornecimento precário de energia na propriedade onde mora com a mulher e as duas filhas na localidade de Rincão de Nossa Senhora, em Passo do Sobrado. Produtor de tabaco e milho, ele precisa se precaver quando liga os motores das três estufas ou da secadora desligando freezers, geladeira, televisão, computador e demais aparelhos domésticos para evitar prejuízos. As quedas de luz são frequentes principalmente em horários de pico como depois do meio-dia e no final da tarde.
As dificuldades também se estendem aos produtores de leite do município. O secretário de Agricultura de Passo do Sobrado, João Regert, afirma que aproximadamente dez produtores da matéria-prima que vivem em uma área de dois quilômetros em Rincão do Sobrado têm constantes problemas com as quedas de energia elétrica.
Em Venâncio Aires, a demanda por energia elétrica de melhor qualidade no campo foi mapeada por meio de um levantamento, entregue na segunda-feira à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs) pelo vereador Telmo Kist, acompanhado do representante da Prefeitura.
O documento contém as queixas de 750 produtores. Os problemas se estendem a praticamente todos os municípios da região. Em nota, a AES Sul afirma que todas as solicitações são analisadas e atendidas dentro da regulação do setor.
Fonte:Gazeta do Sul