Depois de ver o excesso de chuva no inverno passado derrubar a produtividade e a qualidade do trigo na última safra, o triticultor gaúcho pisa no freio neste momento de planejar o novo plantio. Nem mesmo a boa rentabilidade obtida com a soja, faz o agricultor querer apostar numa cultura de alto risco que na colheita anterior significou prejuízo.
- Quem não tinha seguro multirisco ou Proagro pagou para produzir trigo no ano passado – recorda o gerente técnico e de negócios da Löser Cereais, Rudimar Wasem.
Diante desse cenário, a Emater já admite que a área de trigo no Estado possa encolher 20% em 2015, passando de 1,14 milhão de hectares em 2014 para cerca de 920 mil hectares. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) estima uma redução ainda maior – em torno de 30%. Índice semelhante ao que o departamento técnico da Löser projeta de queda no plantio no Alto Jacuí – uma das principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul.
- A área deve baixar mais de 30% e o produtor também planeja diminuir o uso de tecnologia: já estão falando em menos adubo e ureia – revela o engenheiro agrônomo da Löser, Anildo Carboni.
A tendência é que haja migração do trigo para a aveia – cultura que não exige o mesmo nível tecnológico, além da aveia como cobertura de solo propiciar a antecipação do plantio da soja.
- Nos últimos anos a soja do cedo obteve uma produção superior, cerca de 10 sacas/ha acima do grão plantado mais tarde, e só essa diferença pode chegar a render mais que a cultura de inverno – analisa o técnico agrícola da Löser, Guido Baumgratz.
E foi o que aconteceu nesta colheita de soja – o grão plantado antes escapou da estiagem de março e não sofreu tanto em função da pressão de ferrugem no final do ciclo da cultura. Todos esses fatores fazem o produtor repensar o plantio na estação mais fria do ano e, além do trigo, outras culturas como a cevada e a canola, que também enfrentaram problemas no inverno chuvoso da temporada passada, devem perder espaço neste ano.