O produtor rural, Jacir Pedro Maldaner, de Linha São Paulo Pontão/Ibirubá – no noroeste do Rio Grande do Sul, recebeu R$ 0,02 de aumento em março e R$ 0,03 em abril por litro de leite que entrega para a empresa BRF (antiga Perdigão). E a indústria já avisou que nos próximos 90 dias terão novos reajustes. O anúncio dá um novo ânimo para o setor, mas está longe de recuperar a desvalorização do produto que despencou aproximadamente R$ 0,20 desde o fim do ano até o mês de fevereiro.
- O mercado ainda está muito ruim, porque os custos de produção são muito altos – tudo subiu com a alta do dólar. Além do preço do leite ter diminuído R$ 0,20, o custo de produção aumentou 10% – destaca o agricultor.
Essa queda no valor pago ao produtor em torno de 20% tem relação direta com a lei da oferta e procura. Motivados pelo bom desempenho de 2013, os produtores aumentaram em 10,5% a produção nacional no ano passado, só que a demanda interna cresceu apenas 2,5% – resultado: o preço caiu.
- Com o pico da produção em dezembro e a queda do consumo no período de férias, começamos o ano com o mercado pressionado – esclarece o consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
A partir de março já foi verificada uma ligeira elevação no consumo e a produção desacelerou. Conforme a Scot Consultoria, em janeiro a produção caiu 2,4%, em fevereiro 3,1% e no mês de março a queda foi de 0,8%. Diante desse novo cenário, a empresa especializada em mercado projeta uma alta de 0,5% a 1,5% nos próximos pagamentos, com incentivos um pouco maiores para alguns produtores selecionados pela indústria.
- O produtor está um pouco desanimado, mas já está vendo que tem uma reação positiva no mercado. Ao mesmo tempo que alguns estão parando, tem aqueles que estão aumentando o rebanho – analisa o vendedor da Löser Agrícola e Pecuária, Volnei Artur Schäfer.
É o caso do próprio Jacir que vai passar de 45 para 60 vacas em ordenha, porque sabe que a rentabilidade também aumenta.
- Quanto maior o volume de leite entregue à indústria, mais você recebe, e o custo fixo de produção é o mesmo – justiça.
E esse investimento vem em boa hora: no período da entressafra na região sudeste do País e no Brasil Central, os Estados de São Paulo e Minas Gerais vêm buscar leite no sul.
- O cenário para o Rio Grande do Sul é de alta até agosto. Porém com relação a demanda não dá para esperar reações mais fortes, principalmente de derivados como yogurtes e queijos, devido a situação econômica do País – ressalta o consultor.