As lavouras de trigo entram agora na fase mais crítica. Por ora, apesar das geadas, o clima ajudou o desenvolvimento das plantas.
O Paraná, principal produtor do país, deverá destinar 1,13 milhão de hectares para o cultivo do cereal neste ano. Nesta semana, a área semeada chega a 95% do total, com produção prevista de 3,4 milhões de toneladas, segundo Hugo Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná.
O bom desenvolvimento da cultura do trigo se torna importante no Paraná porque o Brasil é dependente externo desse produto. Neste ano, as importações deverão somar 5,4 milhões de toneladas, segundo a Conab.
Quanto maior a produtividade no Estado, menor o volume a ser importado. Queda de produção e dólar elevado fariam do trigo mais um produto a pressionar a inflação.
Os produtores paranaenses, por causa da concorrência do milho, vão reduzir de 10% a 15% a área de trigo.
Mas a boa evolução do preço do cereal, que está em R$ 45,40 por saca, e a forte redução dos preços do milho nas últimas semanas –está R$ 35,60 por saca no Estado– inibiu a queda da área nesta reta final de plantio. A produtividade maior poderá compensar, em parte, a queda de área, segundo Godinho.
Os efeitos do espaço menor dedicado ao trigo apontam para um giro financeiro também menor, o que vai afetar toda a cadeia do setor, desde a área de transporte até a de comercialização.
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, do norte do Paraná, por exemplo, reduziu a expectativa de recolhimento de trigo em 10%, em relação à projeção inicial.
O clima adverso será responsável também por recolhimento menor de soja – perda de 20% em relação à previsão inicial– e de milho, cuja queda será de 35%, segundo José Cícero Aderaldo, vicepresidente da cooperativa.
Fonte: Folha de S.Paulo