A colheita de grãos da safra 2015/16 no Estado de São Paulo aponta crescimento de 8,4% em relação à safra anterior, com produção prevista em 8,3 milhões de toneladas. Esse resultado, em parte, é devido ao aumento de 4,7% de área cultivada, com 1,98 milhão de hectares, e de ganhos de produtividade de 3,6%, atribuídos às condições climáticas mais favoráveis, principalmente para as culturas das safras das águas.
As culturas que apresentam os maiores aumentos em percentual de volumes produzidos e esperados são: feijão das águas (27,4%), soja (21,9%), amendoim das águas (12,3%), triticale (7,6%), milho segunda safra (5,5%), algodão (4,4%), feijão de inverno (3,1%) e milho da primeira safra (1,8%). Por outro lado, as maiores quedas em produções previstas aparecem em: amendoim da seca (-77,1%), feijão da seca (-31,2%), trigo (-16,3%) e arroz (-4,8%). Essas reduções são reflexos da diminuição das áreas cultivadas, uma vez que essas culturas apresentaram ganhos de produtividade, com exceção do amendoim da seca e do milho segunda safra, que apresentam variações negativas na produtividade (Tabela 1). Vale destacar a cultura de milho que, apesar do crescimento da produção abaixo de 2%, tem a produtividade esperada 7,1% superior à safra anterior.
Algodão
A cotonicultura paulista apresenta pequeno acréscimo em 2015/16. A área alcança 4,8 mil hectares, 4,2% maior que a verificada na safra anterior. A produção deve ser de 14,5 mil toneladas, 4,4% a mais que a obtida no ano passado. Esse quadro representa uma recuperação da atividade, depois da forte retração de 2014/15 em virtude de condições menos favoráveis no mercado da fibra.
Amendoim
As estimativas para a safra 2015/16 de amendoim apontam que o plantio da seca será quatro vezes menor que o registrado na safra anterior, com retração nos EDRs de Tupã, Marília e, em especial, de Presidente Prudente, onde não foram previstas áreas em produção. Já o plantio do amendoim das águas, o principal do estado, apresenta aumento de 5,6% na área plantada e de 12,3% na produção, como resultado dos ganhos de 6,3% na produtividade média que se mostrou positiva em 50% dos EDRs que abrigam as lavouras de amendoim. Nessa composição de expansão, cabe destacar o EDR de Presidente Prudente, que registrou aumento de 22,6% na área plantada, reflexo das condições de oferta e de arrendamento de terras na região, e produtividade 3,2% superior à anotada no plantio anterior. As perspectivas estão alinhadas ao cenário favoráveis às exportações, tanto para o grão descascado quanto para o óleo de amendoim, com reflexo no aumento dos preços médios recebidos pelos produtores.
Arroz
É esperada uma produção de 60,8 mil toneladas de arroz (de sequeiro, várzea e irrigado), 4,8% menor que a obtida na safra passada, por conta das perdas de área (9,3%) com elevação na produtividade (5,0%). A produção de arroz com irrigação corresponde cerca de 75% da produção total do estado. Segundo dados do levantamento, até meados de abril já tinha sido colhida 63% da área plantada com arroz de sequeiro e 82% do irrigado.
Batata da Seca e de Inverno
O mercado de batata tem menor oscilação de ofertas por ser abastecido com a produção de quatro regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste) e três cultivos (águas, seca e inverno). No cultivo paulista da batata da seca, iniciado em janeiro-fevereiro, apontou-se retração de área cultivada em 17,5% e produção de 9,8%. Essa redução de área pode ser atribuída à escolha dos produtores preferirem o cultivo da soja, em virtude da situação favorável para este produto. Conforme os dados obtidos neste levantamento, aproximadamente 90% da área destinada ao cultivo de batata da seca já foi colhida.
Para o cultivo da batata de inverno, principal produção no Estado de São Paulo com início do plantio em abril-maio, as primeiras informações coletadas indicam retração de área (6,5%) e produção prevista em 320,9 mil toneladas, praticamente a mesma da safra 2014/15. Dois EDRs respondem por 75% da área cultivada para safra de inverno: São João da Boa Vista (56%) e Itapeva (19%).
Cebola Bulbinho, de Muda e Plantio Direto
Em 2015, a área cultivada com cebola de bulbinhos foi de 570 hectares e produção de 19,3 mil toneladas. O levantamento atual indica um aumento de 28,8% na área, que atualmente passou a ocupar 730 hectares, com produção prevista de 27,4 mil toneladas, incremento de 41,8% na produção, com aumento de produtividade na ordem de 10%, passando de 34.186 kg/ha para 37.618 kg/ha.
Feijão da Seca e Inverno
O levantamento realizado no campo em abril aponta queda da área plantada de feijão da seca (32,8%) e espera-se uma produção de 26,7 mil toneladas, 31,2% inferior em relação à safra passada, com a produtividade maior de 2,4% (1.983 kg/ha). Um dos motivos dessa queda na área cultivada é o atraso da colheita da soja no mês de fevereiro/2016, devido ao excesso de chuva que inviabilizou o plantio do feijão da seca. Segundo dados do levantamento, aproximadamente 75% da área plantada foi colhida.
Para a safra de feijão de inverno (irrigado e sem irrigação), o primeiro levantamento apresenta retração de área plantada (1,3%); é esperada, porém, uma produção maior a ser colhida (3,1%), com 68,1 mil toneladas, se confirmado o incremento de 4,4% na produtividade, com 2.459 kg/ha do cultivo de inverno. Ressalta-se que o plantio irrigado representa cerca de 80% da produção paulista com produtividade média esperada de 2.745 kg/ha, enquanto o feijão sem irrigação deverá atingir 1.696 kg/ha.
Mandioca para Indústria e Mesa
Para a cultura de mandioca para indústria é esperada uma produção de 990,9 mil toneladas, queda de 11,8% em relação à safra anterior, e perdas de 2,1% na produtividade. A área total cultivada de 50,4 mil hectares aponta redução de 12,8%, e a área em produção (34,5 mil hectares) apresenta queda de 9,9%.
Os preços da mandioca industrial, depois de um longo período de baixa durante os anos de 2014 e 2015, começaram a se recuperar apenas em novembro do último ano, ainda assim em níveis baixos, comparativamente aos preços excepcionais vigentes notadamente no segundo semestre de 2013, reflexo do longo período de estiagem na região Nordeste em 2012 e 2013. Portanto, era de se esperar a queda de área e produção estimada pelo levantamento de abril de 2016. O EDR de Assis com 44% de área cultivada é a principal região produtora do estado.
No caso da mandioca para mesa, observa-se uma área de 18,9 mil hectares e produção estimada em 226,2 mil toneladas, 5,1% menor que a safra passada. Destaque para a região de Mogi Mirim, que responde por 26% da produção no Estado de São Paulo.
Milho
Segundo dados deste último levantamento, já foi colhida aproximadamente 80% da produção de milho primeira safra no estado (inclui irrigado). As estimativas indicam que a área em produção recuou 3,7%, enquanto a produção foi 1,8% maior, obtendo uma produtividade 5,8% superior a de 2015 (Tabela 2). Os EDRs de São João da Boa Vista, Itapetininga, Itapeva e Avaré são as regiões de maior produção, e contabilizam 44,1% da produção estadual. Os resultados de crescimento da produtividade nesta safra no estado estão na contramão da grande maioria dos estados brasileiros que apresentaram queda neste quesito. Essa situação ocorreu devido às boas condições climáticas durante todo o processo produtivo da cultura.
Em relação ao milho safrinha, as estimativas indicam um crescimento de 12,9% na área cultivada e de 5,5% na produção. Entretanto, a baixa precipitação ocorrida em abril pode ter influenciado o desenvolvimento da cultura na região sudoeste do estado e, com isso, há um indicativo de queda de 6,5% na produtividade em comparação aos resultados verificados em 2015 (Tabela 2). Os EDRs de Assis, Itapeva e Ourinhos são os mais representativos na produção desta cultura: juntos, são responsáveis por aproximadamente 62% da produção total.
Soja
O cultivo da soja segue a tendência de expansão no Estado de São Paulo em face do acréscimo de 9,1% na área plantada, que alcançou 827,4 mil hectares em 2015/16. A produção deve ser de 2,7 milhões de toneladas, 21,9% maior que a obtida na safra passada, o que indica ganhos em produtividade de 11,7%. A liquidez do grão e derivados – óleo e farelo – nos mercados doméstico e internacional justificam esse comportamento do cultivo da oleaginosa.
No momento do levantamento (abril/2016), os números apontaram que 90% da área com soja tinha sido colhida. Em termos de participações de área cultivada com a soja no estado, os principais EDRs são: Itapeva (21,2%), Assis (17,2%), Ourinhos (8,6%), Orlândia (8,5%), Avaré (7,7%), Itapetininga (6,4%), Presidente Prudente (5,8%), Barretos (4,9%) e Araçatuba (3,6%).
Tomate
O levantamento atual da safra de tomate, tanto envarado quanto rasteiro, aponta uma redução da área cultivada em relação ao levantamento final de 2015. A área cultivada com tomate envarado (para mesa) reduziu 4,3%, passando de 8.220 hectares para 7.860 hectares, e a produção passou de 605.590 toneladas para 571.440 toneladas, queda de 5,6%. Para o tomate rasteiro (destinado à indústria), a queda da área cultivada foi maior (32,4%), passando de 3.820 hectares para 2.580 hectares, enquanto a produção apresentou 28,7% de queda. A produtividade média do tomate envarado caiu 1,3%, atingindo 72.661 kg/ha, enquanto o tomate rasteiro aumentou sua produtividade em 5,5%, chegando a 84.728 kg/ha.
Trigo
A redução de 15,8% na área cultivada com trigo em São Paulo e consequente queda na produção de mesmo porcentual reflete a opção dos produtores pelo milho safrinha, cujos preços encontram-se em patamares elevados. Além disso, por ocasião da época de decidir pelo plantio de um ou outro cereal, outros fatores imprimiam perspectiva de queda nos preços do trigo, como as mudanças na política agrícola argentina, os estoques mundiais em níveis recordes e também pelo fato da cultura do trigo ser mais arriscada, tanto em termos de clima, quanto de mercado.
Banana
A cultura da banana está presente na maioria dos EDRs do Estado de São Paulo, sendo que a cadeia produtiva é composta, principalmente, por pequenos e médios produtores. A estimativa da cultura para abril de 2016 é de aumento na área cultivada de 5,6% e na produção de 3,1%. Contudo, há pequena redução de produtividade na ordem de 0,7%, relativamente aos dados finais de 2014/15. Nesta safra, a atividade poderá atingir o total de 1,2 milhão de toneladas da fruta. O principal EDR produtor é Registro, que neste levantamento detinha 62,0 mil hectares de áreas novas e em produção, com 782 mil toneladas de frutas. O EDR de Campinas passou a ser o segundo mais importante, com 79,7 mil toneladas, seguido pelo EDR de São Paulo, com estimativa de 66,2 mil toneladas.
Café
Em abril de 2016, conduziu-se o terceiro levantamento subjetivo da safra paulista de café arábica 2015/16 (produção) – 2016/17 (comercial). Com previsão de colheita de 5,71 milhões de sacas (equivalente a 342,6 mil toneladas), houve incremento de 2,5% na quantidade de café a ser colhida frente ao resultado anteriormente apurado (fevereiro). Comparativamente a estimativa final da safra 2014/15 (setembro de 2015), a corrente safra excede a anterior em 39,7%.
O regime de precipitações observado logo após a florada de 2015, associado ao investimento em tecnologia de manejo por parte dos cafeicultores, propiciou excelente enchimento dos frutos, refletindo-se em grãos de elevada peneira. Tal fato reduz a quantidade de sacas de café cereja para a obtenção de uma saca beneficiada, contribuindo no excelente resultado apurado para a corrente safra.
Comparando-se o levantamento final da safra 2015/16 com os resultados apurados no terceiro levantamento de 2016, das 40 EDRs do Estado de São Paulo, 23 exibiram majoração positiva na estimativa de quantidade a ser colhida, com destaque para a EDR de Franca, cuja variação foi de 125,5%.
Cana-de-açúcar
A área em produção estimada para colheita de cana-de-açúcar, na atual safra agrícola, apresenta ligeira queda (1,2%). Mesma tendência, ainda mais significativa, é observada na área nova em produção (10,9%), e o total da área plantada perfaz 6,0 milhões de hectares. Assim, este levantamento mostra que, de 2015 para 2016, ocorreu retração na expansão de novos cultivos da cultura no estado, em quase todas as regionais, notadamente nos EDRs de: Araraquara (22,4%), Jaú (26,4%), Limeira (26,6%), Piracicaba (30,0%), Ribeirão Preto (17,7%) e São José do Rio Preto (21,9%), regiões tradicionais nessa exploração. Em relação ao rendimento à safra atual, comparada à anterior, é 1,9% superior, visto que teve um incremento em torno de 1,5 t/ha, contribuindo para leve elevação na produção 0,7% estadual, atingindo 439,5 milhões de toneladas produzidas.
Laranja
Para a safra em curso, o volume total previsto para a cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado no campo em abril de 2016, foi de 279,6 milhões de caixas de 40,8 kg, 5,4% inferior ao obtido na safra de 2015 (295,4 milhões de caixas de 40,8 kg). Esses números incluem tanto as frutas comerciais (indústria e mesa), quanto os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente e as perdas relativas ao processo produtivo e as de colheita. A estimativa da produção efetiva será conhecida por meio do levantamento feito no campo em novembro.
O comportamento desta safra está se apresentando diferenciado nas regiões paulistas. Enquanto regionais como Avaré, Botucatu e Fernandópolis apresentaram condições climáticas favoráveis para o bom desenvolvimento da safra, aparecimento de novas floradas e uso cada vez maior de irrigação, os EDRs de Votuporanga, Tupã, General Salgado, entre outros, sentiram os efeitos do fenômeno climático El Nino, que em meados de outubro elevou as temperaturas mínimas a ponto de causar abortamento significativo de chumbinhos (alguns já com tamanho semelhante ao de uma azeitona), e praticamente não houve novas floradas. Além disso, as constantes chuvas em algumas regiões pelo mesmo fenômeno podem influenciar negativamente a nova temporada (2016). O setor citrícola estima uma redução de até 20% no total da produção em comparação à safra anterior. O levantamento do IEA/CATI a ser realizado em junho deverá trazer maior precisão sobre as consequências deste fenômeno na atual safra.
Quanto à área total plantada (que inclui área com plantas ainda não produtivas), o levantamento prevê menor área cultivada (3,0%), relativamente ao ano agrícola anterior. Na atual safra, continua o decréscimo das plantas em produção, já registrado em levantamentos anteriores, o que pode indicar a continuidade no processo de erradicação, por conta da eliminação de pomares comprometidos com a incidência de problemas fitopatológicos, principalmente cancro cítrico e HLB (greening). Contudo, o presente levantamento mostra novos plantios em regionais como Catanduva, Itapetininga, Lins, Mogi Mirim e São João da Boa Vista. Assim, a área total plantada atinge a marca de 457,53 mil hectares para a atual safra e em 93,5% desta área deverá ser feita a colheita. Não obstante, fatos como a disseminação mais intensa dos problemas fitopatológicos (em especial cancro cítrico e HLB – greening), agravados pelo aumento do custo de produção da cultura e aliados à alta dos preços dos defensivos, poderão contribuir para a diminuição da área de citros no estado.
Vale salientar que os números da atual safra estão sendo ainda consolidados, aguardando as pesquisas a serem realizadas no campo em junho, setembro e novembro.
Fonte: IEA