O governo da Argentina está criando um mercado “mais transparente” para empresas como a Monsanto, com o objetivo de encerrar uma disputa envolvendo o pagamento de royalties pelo uso de sementes transgênicas de soja, disse nesta quinta-feira (23/6) o ministro da Agricultura do país, Ricardo Buryaile. O Instituto Nacional de Sementes, uma agência do governo argentino, vai supervisionar os testes na soja entregue por produtores em terminais de grãos, prevê o acordo anunciado nesta quinta-feira.
Esses testes vão determinar se o grão contém os genes da Monsanto e ajudarão a garantir o pagamento de royaltiesà companhia.
- Isso representa um passo importante para tornar o mercado mais transparente, criando condições claras e seguras para que os produtores possam acessar a tecnologia e se beneficiar dela – disse Buryaile, acrescentando que companhias de sementes transgênicas como a Monsanto serão “reconhecidas pelos seus investimentos”.
O acordo, no entanto, é temporário e vale apenas para o atual ano-safra. Enquanto isso, o governo argentino trabalha em uma lei permanente para criar um sistema:
- Que preserve os direitos dos produtores e a sustentabilidade da indústria – disse Buryaile.
Em maio, a Monsanto cancelou planos de lançar novas variedades geneticamente modificadas de soja na Argentina e ameaçou retirar outras sementes que já são vendidas no país, após a administração do presidente Mauricio Macri, eleito em dezembro, questionar o modelo de cobrança de royalties adotado pela companhia.
Sob esse modelo, alguns produtores pagam as taxas antecipadamente, enquanto outros pagam ao entregar a soja a operadores de grãos e exportadores. Antes, os testes na soja eram supervisionados conjuntamente pela Monsanto e por exportadores. Segundo a companhia, esses sistema era legal e necessário para garantir a recuperação de seus investimentos em pesquisa.
A Monsanto disse que o acordo desta quinta-feira é um passo na direção certa. Porém, a empresa manteve sua decisão de cancelar o lançamento de novas sementes de soja no país, disse uma porta-voz da companhia, Melissa Duncan.
- Precisamos ver se teremos um ambiente de negócios previsível antes de tomarmos a decisão de lançar novas sementes de soja – na Argentina, afirmou.
Fonte: Globo Rural