O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), João Martins, afirmou que o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é arrojado e futurista, e vai levar o melhor para o produtor rural da região.
A afirmação foi feita nesta sexta-feira (15/5), em Luís Eduardo Magalhães (BA), durante solenidade de lançamento do plano na Bahia, com a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, e do governador da Bahia, Rui Costa.
João Martins lembrou que sempre foi um defensor de medidas voltadas para os municípios do Matopiba, e que já discutiu o tema com a própria ministra da Agricultura e com a Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária (Embrapa).
- Sempre defendi que a Embrapa fosse para as várias regiões do país – ressaltou Martins.
O Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba prevê uma série de ações para promover o crescimento da região. Criada oficialmente, na semana passada, por decreto da presidente Dilma Rousseff, a região se tornou, nos últimos anos, uma das principais produtoras de grãos e fibras do país.
Em seu discurso, a ministra Kátia Abreu elegeu três prioridades para a região: infraestrutura, informação e tecnologia e classe média. Sobre o primeiro ponto, ela listou investimentos que estão sendo feitos em rodovias, ferrovias, hidrovias e portos para melhorar a logística regional. Em relação ao segundo, afirmou que a pesquisa e a tecnologia são fundamentais para que o produtor consiga lucrar ao máximo com a atividade, recebendo todas as orientações necessárias.
Quanto à classe média, ela reforçou que as ações serão voltadas principalmente para os pequenos produtores locais, concentrados nas classes mais baixas de renda, com o objetivo de migrá-los para a atividade comercial. Hoje, a classe média rural representa apenas 12% da população do campo.
- Não queremos uma ilha, mas um continente de prosperidade – destacou ele.
Ela afirmou que o plano é inédito e vai quebrar paradigmas, com o monitoramento do crescimento da região pelo governo.
- Nas outras regiões, os produtores rurais caminharam sempre sozinhos. No Matopiba, o governo vai acompanhar tudo – afirma ela.
Logística e crescimento sustentável
Já o governador Rui Costa defendeu a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que liga Barreiras (BA) a Ilhéus (BA). Esta é uma das obras consideradas prioritárias pela CNA para melhorar a logística da região. Também listou outras demandas estaduais, como a construção do Porto Sul, em Ilhéus, e a ampliação da capacidade de armazenamento do Porto de Aratu, no município de Candeias, para a inclusão de terminais de grãos, além da conclusão de 470 quilômetros da BR – 020, no trecho que vai de Luís Eduardo Magalhães ao Ceará.
Para o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, o plano, além de promover o crescimento sustentável da região nas esferas econômica, ambiental e social, vai ajudar a criação de mais emprego e renda e distribuir melhor a riqueza para a população do Oeste da Bahia. Ele destacou que as ações do plano preveem a melhoria do sistema logístico, qualificação de mão de obra, aumento de oferta de energia, gestão ambiental e armazenamento da produção.
A programação teve várias palestras para mostrar as oportunidades de crescimento da região. O pesquisador Evaristo Miranda, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), falou sobre a delimitação territorial e os desafios para o desenvolvimento do Matopiba. Ao traçar uma radiografia da região, ele apresentou, aos participantes, estudo de sua autoria com as principais informações sobre a região, citando características geográficas, econômicas, ambientais, além das peculiaridades dos estados do Matopiba, dos municípios, a evolução da produção agropecuária nos últimos anos e o potencial produtivo local.
Por sua vez, o diretor-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Antônio Divino Moura, fez palestra sobre as estações meteorológicas favoráveis à atividade agrícola e do trabalho de monitoramento pelo órgão do clima na região. Já o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rubens Rodrigues dos Santos, abordou o histórico da produção e a estimativa de safra para as principais culturas do Matopiba. Por último, o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, falou sobre pesquisa e inovação para alavancar a atividade agrícola e combater barreiras sanitárias.
O evento de hoje encerra as visitas feitas pela ministra Kátia Abreu para apresentar o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que também foi lançado em Palmas (TO), Balsas (MA) e Teresina (PI). O Matopiba, nome formado pelas siglas dos quatro estados que a compõem, é responsável por 10% da produção de grãos do país. As medidas que fazem parte do plano para o desenvolvimento da região são voltadas principalmente para investimentos em tecnologia e assistência técnica e visam promover a ascensão de pequenos produtores locais para inseri-los na atividade comercial.
Pesquisa e ensino
A região abrange 337 municípios e 31 microrregiões do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, numa área de 73 milhões de hectares, e tem três biomas: Cerrado, que ocupa mais de 90% da área, Amazônico e Caatinga. Uma das medidas que deve alavancar a produção local é a criação de uma agência de desenvolvimento regional voltada para tecnologia, com forte investimento em capacitação, inovação, pesquisa, agricultura de precisão e assistência técnica. O formato da futura agência tem sido discutido entre o ministério e representantes dos estados, da iniciativa privada e de instituições de pesquisa e de ensino. Uma das ideias é que o órgão seja administrado por pessoas indicadas pelos produtores e tenha recursos da União e de entidades internacionais.
O Matopiba tem hoje mais de 250 mil propriedades rurais, das quais 85% têm área superior a 100 hectares. A principal produção da região é a soja, mas outras atividades têm se destacado, como algodão e milho. Produz também: horticultura, bovinocultura de corte e de leite e criação de aves e suínos. A região também tem amplo potencial para irrigação.
Segundo dados da Embrapa, há concentração de renda e pobreza na região. Do total de estabelecimentos, 80% são muito pobres (renda mensal de 0 a 2 salários mínimos) e geram apenas 5,22% de toda a renda bruta do Matopiba. Outras 14% são pobres e respondem por 8,35% da riqueza na região, e 5,79% são da classe média e responsáveis por 26,74% da renda. Apenas 0,42% das propriedades são ricas (renda mensal de 200 salários mínimos) e representam 59% do faturamento bruto da região.
O evento, realizado no Centro de Treinamento Regional do SENAR, em Luis Eduardo Magalhães (BA), foi prestigiado por mais de 350 pessoas, e teve a presença do secretário de Planejamento do Estado e vice-governador da Bahia, João Leão, além de prefeitos de municípios próximos, parlamentares, presidentes de sindicatos rurais e de entidades classistas da região.
Fonte: Canal do Produtor