Por André Amorim
Considerada a doença mais devastadora para as frutas cítricas em todo mundo, as infecções com o greening – ou Huanglongbing (HLB) – praticamente dobraram no Paraná entre 2015 e 2016. Segundo o coordenador de Sanidade da Citricultura da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), José Croce Filho, nas regiões onde o índice de plantas contaminadas era de 5% em 2015, hoje é de 10%. Onde era de 9%, saltou para mais de 15%. “A Adapar registrou nestes cinco primeiros meses de 2016 mais notificações do que todo o ano de 2015”, observa.
Segundo Croce Filho, o aumento expressivo no número de plantas doentes no Estado não se deve somente a alguma epidemia, mas sim à mentalidade de alguns produtores, que têm priorizado seus lucros imediatos em detrimento da sobrevivência futura de seus pomares. “O citricultor do Paraná tem abandonado a eliminação de plantas doentes, está tomando o mesmo caminho errado que fizeram os produtores da Flórida (nos Estados Unidos) e de São Paulo”, observa, referindo-se à prática de “esconder” do órgão fiscalizador a existência de árvores doentes e assim aproveitar por um curto espaço de tempo a produtividade destas plantas, que encolhe ano a ano até chegar a zero. “Ele varre para baixo do tapete agora, mas vai pagar muito caro quando o reflexo disso aparecer, em 2017”, avalia.
Uma das dificuldades do combate ao greening é que se trata de uma doença silenciosa. Um pé de laranja infectado só começará a perder frutos de forma significativa depois de três anos, nesse meio tempo o inseto vetor responsável pela sua transmissão – o psilídeo –, já terá contaminado diversas outras plantas sadias ao redor.
De 2007 para cá o Paraná perdeu 2,5 milhões de árvores de laranja. Deste total, cerca de 30% corresponde a abandono ou desinteresse. “São aqueles produtores que saíram da atividade por conta de preço ou de outros fatores”, explica Croce Filho. O restante, que corresponde a cerca de 1.750.000 de árvores, tiveram que ser erradicadas por conta do greening.
Por outro lado, produtores que continuam a eliminar plantas doentes e a controlar o inseto vetor, vem ampliando a área de seus pomares e até plantado novas áreas, tanto na região do Norte velho como na região do arenito do Noroeste, apostando na melhora dos preços do produto, para se manter na atividade.
Calcula-se que para cada planta identificada como portadora da doença, existam mais três infectadas. Desse modo, quando o percentual de plantas doentes chega a 28% todo o pomar deve ser derrubado para evitar a propagação do greening.
Segundo Croce Filho, atualmente muitos produtores estão deixando de entregar à Adapar os relatórios com o número de árvores infectadas na esperança de aproveitar os últimos suspiros de produção destas plantas. A penalidade para quem não entrega o relatório é multa proporcional ao tamanho do pomar, uma média de R$ 100,00 para cada mil árvores.
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Fonte: Sistema FAEP