O pesquisador Emerson Borghi, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), explica que a intensificação ecológica aliada a práticas de manejo conservacionista pode ser estratégia para produzir em períodos de restrição hídrica. “Quanto maior o tempo de adoção, maiores serão os benefícios”, diz.
A intensificação ecológica pode ser entendida, segundo ele, como um sistema de produção que satisfaça o aumento previsto de alimentos, tendo em vista a necessidade de preservação do meio ambiente. São exemplos de cultivos intensificados os sistemas de produção conhecidos como consórcios, como a integração lavoura-pecuária e a integração lavoura-pecuária-floresta, além das práticas de sucessão e de rotação de culturas, com suas diversas opções de cultivos.
A exploração do ambiente produtivo por maior período de tempo no mesmo ano visando a maximização da produtividade e a otimização dos recursos naturais traz várias outras vantagens, na visão do pesquisador. “Menor incidência de plantas daninhas e doenças, melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo, diversificação econômica, aumento de renda e menor dependência do clima para sucesso da atividade agrícola são os principais atrativos”, enumera Borghi.
Para ele, as épocas de consórcio e de semeadura das culturas para a implantação de sistemas integrados devem ser adaptadas às condições de cada região. “Os resultados demonstram que um esquema de rotação de lavouras com pastagem é boa estratégia tanto para incrementar a produtividade vegetal e animal na região quanto para possibilitar colheitas pelo menos razoáveis diante da ocorrência de veranico, que é um problema cada vez mais perceptível”, explica o pesquisador.
Dessa forma, o consórcio entre milho, sorgo ou soja e capim em sistema de plantio direto é uma alternativa de sistema integrado, o que pode resultar em resultados satisfatórios no uso da pastagem entre quatro e cinco meses por ano após a colheita da cultura principal, possibilitando até três safras anuais, dependendo da região. A introdução de outro componente, o florestal, ainda traz a possibilidade de um rendimento extra, na fase de comercialização ou aproveitamento do produto gerado: lenha, madeiras para serem aproveitadas na própria fazenda, ou com fins mais nobres, para a indústria moveleira.
Pragas e doenças
Ao mesmo tempo em que os sistemas intensificados de produção podem gerar mais renda e otimizar os recursos naturais, o produtor deve ficar atento ao que é denominado de “ponte verde”, que é a sequência ininterrupta de lavouras safra após safra, o que pode beneficiar o surgimento de pragas e doenças. Ao plantar soja sobre soja ou milho sobre milho, por exemplo, o produtor cria um contexto que favorece esse problema. “As lagartas, de modo geral, já estão adaptadas a diversos tipos de hospedeiro”, explica o pesquisador Ivênio Rubens de Oliveira, da Embrapa Milho e Sorgo.
De acordo com ele, a resistência das cultivares a pragas e a doenças deve ser constantemente avaliada. “Se quebrou a resistência, a orientação é não plantar esse determinado material”, afirma. Uma das soluções, segundo o pesquisador, é o constante monitoramento das lavouras e a tomada de decisão no momento certo. “Se o produtor não souber monitorar e não souber o exato momento de fazer o controle de pragas ou doenças, a eficácia dos materiais diminuirá consideravelmente”, avalia. Uma das saídas é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), com o uso de armadilhas nas plantações para verificar a presença de mariposas (insetos adultos da lagarta-do-cartucho, principal praga da cultura do milho) e indicar quando implantar o controle biológico, por exemplo. Leia mais sobre esse último assunto aqui.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Canal do Produtor