Fundamentos do mercado pecuário apontam para uma baixa oferta de carnes até o final do ano ou produtos de menor qualidade devido a uma possível redução no pacote tecnológico aplicado ao processo produtivo.No entanto, o pecuarista que optar por manter os planos traçados quando ninguém imaginava que os custos com alimentação saltariam, precisa se apoiar a ferramentas financeiras que garantam receita suficiente para fechar as contas.
Quanto maior meu nível de tecnologia, maior a necessidade de gestão de preço , orienta o coordenador do Rally da Pecuária e sócio da consultoria Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, durante eventos realizados na última semana no noroeste do Mato Grosso.
Por meio de uma expedição, com ponto de partida no Rio Grande do Sul, o especialista tem avaliado a pecuária brasileira e nos próximos dias chegará ao final, no Acre.
Neste contexto, o produtor rural pode optar por alternativas como os contratos a termo com o frigorífico, mercado futuro na BM&F e os contratos de opção de venda – este último dá ao pecuarista a possibilidade de adquirir um instrumento financeiro semelhante a um seguro , chamado put , que garante o aproveitamento de eventuais altas na arroba.
Apesar de amplamente indicadas, as praticas de travamento de preços ainda não se popularizaram nesta região do Mato Grosso.
De acordo com Nogueira, existe uma parcela do setor que tende a reduzir os níveis de tecnologia ao passo que o milho, insumo base para fabricação da raçãoanimal, dobrou de preço nos últimos meses para o mercado interno. Isso pode fazer com que o peso das carcaças diminua no final do ano, na hipótese do gado terminado no pasto ao invés de seguir para a terceira etapa do ciclo, a engorda, em confinamento. Está se desenhando um cenário que vai faltar carne para o segundo semestre , acrescenta.
Sobrevivência
Com isso, a produtividade, que antes era tratada como um diferencial, hoje faz parte da sobrevivência na atividade. Para o especialista, o importante neste momento não é cortar custos, mas sim aumentar a receita, ao produzir um animal de melhor qualidade em menor tempo.
Há cerca de 15 dias começamos a notar que o frigorífico da região passou a nos procurar atrás de mercadoria. É um sinal de que a falta de grãos está refletindo no nosso setor , conta o gerente da fazenda Agrosan, Rui Gilberto Sawitzki, do município de Juara (MT).
Nesta propriedade com mais de 11800 cabeças de gado, 90% dos animais tiveram o pacote tecnológico mantido e serão confinados. Aditivos são utilizados na alimentação do bovino e pelo menos 500 hectares são adubados. Vale destacar que ainda existe um grande potencial para melhoria da área, visto que, ao todo, são 10145 hectares de pastagens, porém, são feitas reformas anualmente em determinadas regiões da fazenda.
Do outro lado, o gerente de originação da JBS em Juara, Wellington Martins, confirma que a indústria aposta no contato proativo com produtores, principalmente, para realização de contratos a termo, que garantem a oferta para o abate. Nesta operação ficam acertadas a data de entrega, volume e preço da arroba. Prezamos por animais de qualidade , diz.
Questionado pelo DCI sobre a possível redução no peso das carcaças, Martins não acredita em uma diminuição muito grande para os bois da região. Em contrapartida, admite que as margens de lucro estão mais restritas por conta da crise econômica estabelecida no final da cadeia, o consumidor, uma vez que todas as carnes sofreram reajustes para cima.
Estratégias
O gerente da fazenda Balsa Brilhante, Jurandir Antônio Paes, de Juína (MT), deve comercializar 6 mil cabeças de gado neste ano, majoritariamente, através de contratos a termo com a JBS.
O volume está abaixo do patamar entre 7,5 mil e 8 mil cabeças abatidas em 2015, pois foi mantido o nível de tecnologia e reduzido o número de animais por hectare.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor