Corumbá/ Mato Grosso do Sul (03/06/2016) – Nesta semana, aproximadamente 50 pesquisadores e técnicos participaram de evento sobre cuidados na produção de mudas e coleta de sementes, orientações sobre a legislação envolvendo essa atividade e a possibilidade de restauração ecológica no bioma Pantanal.
Trata-se do curso "Soluções tecnológicas para a adequação da paisagem rural ao Código Florestal Brasileiro – Projeto Especial 08" e "Projeto Biomas: contribuições para a proteção e uso sustentável das paisagens brasileiras", sendo este último uma parceria entre Embrapa e CNA.
O curso encerrou nesta sexta-feira, dia 3 de junho, na Embrapa Pantanal (Corumbá-MS). Desde segunda-feira, os inscritos acompanham as palestras no auditório. A partir de agora eles vão desenvolver atividades práticas no entorno da Embrapa e no viveiro da Unidade.
Flaviane Coelho Olmedo, assessora da Secretaria da Fomento da Prefeitura de Ladário, disse que está achou o curso muito interessante. "Estou aprendendo muito sobre como as mudas se desenvolvem, como elas crescem. Está sendo muito bom", afirmou. Flaviane já havia feito um curso de técnica em meio ambiente no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) por três anos e acredita que as orientações dessa semana serviram para deixá-la atualizada.
O militar Walfredo Alves da Cruz, da Marinha, também aprovou o curso. Ele comentou que a Marinha possui uma grande área verde, conhecida como Rabicho, onde o conhecimento que adquiriu durante as palestras poderá ser aplicado. Ao todo, seis militares foram destacados para participar da capacitação.
PALESTRAS
O curso começou com informações sobre a legislação: o que o código florestal determina em relação à produção de sementes e mudas. Nelsom Akira Matsuura, fiscal da SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura) e João Meneguci, pesquisador da Embrapa Produtos e Mercados, abordaram diversos pontos sobre a questão legal.
"Procuramos mostrar qual a finalidade da legislação. Não é para punir ou limitar a produção, mas para estabelecer um padrão e a qualidade, além de evitar problemas sanitários", explicou Meneguci. Ele disse que a Embrapa detém o conhecimento técnico e sempre procura estimular seus públicos a produzir com qualidade. No entanto, a atividade produtiva é normatizada e a ideia é levar essas informações aos interessados.
Essa iniciativa, segundo o agrônomo, torna o processo mais amistoso e rápido. "Como em cursos similares que fazemos em outros locais, sempre fazemos questão de levar o colega do Ministério da Agricultura que atende a região. O curso já ajuda a criar o vínculo entre os produtores e o responsável pela tramitação do processo. Quando os interessados prepararem a documentação e tiverem dúvidas, já sabem quem vão procurar", afirmou Meneguci.
Ele se refere a Nelsom Matsuura, que também falou aos participantes no primeiro dia. "Agora eles já têm os meus contatos", confirmou o representante da SFA, que trabalha em Campo Grande. Segundo ele, uma das dúvidas apresentadas pelo público foi em relação ao profissional que pode atuar como responsável técnico para a produção de mudas. Nelsom esclareceu que o engenheiro agrônomo e o engenheiro florestal estão habilitados para essa função. Também pode ensinar no curso como é feito o registro no sistema do Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas), passo esse necessário para os produtores que quiserem comercializar sementes ou mudas. Ele já havia atuado em capacitação semelhante realizada no ano passado no assentamento Taquaral e ficou bastante satisfeito com o evento dessa semana.
Na terça-feira, José Felipe Ribeiro, pesquisador da Embrapa Cerrados, abordou o componente florestal no setor rural e plantios de recuperação. Foi uma visão de planejamento da restauração ecológica. "Há uma grande resposta que o novo Código Florestal ainda não trouxe aos produtores: ele manda restaurar, mas não diz como restaurar, onde restaurar e por que restaurar", afirmou.
Ele procurou mostrar exatamente as ferramentas desenvolvidas pela Embrapa e seus parceiros das Universidades para orientar essa restauração. Uma delas, uma página no portal da Embrapa que será lançada na próxima sexta, dia 10 de junho. "Ela trará modelos de restauração e espécies adequadas, em uma iniciativa que une a Embrapa e o Ministério do Meio Ambiente", comentou Felipe.
Essas informações serão organizadas por biomas e pelas características de simplicidade ou complexidade. "Há orientações simples e baratas, como a regeneração natural, até as mais sofisticadas, envolvendo custos mais altos." No lançamento será contemplado, inicialmente, o bioma Cerrado. Na sequência serão disponibilizadas mensalmente informações sobre a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal – mas todos os biomas serão atendidos ao longo do tempo.
Além de abordar os modelos de restauração, Felipe falou sobre os diferentes atores envolvidos no CAR (Cadastro Ambiental Rural), como as instituições públicas de meio ambiente, de pesquisa e o setor privado. Também abordou a falta de conhecimento dos diferentes itens e processos envolvidos no Programa de Regularização Ambiental (PRA) como o próprio CAR; o termo de compromisso; o Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas; e as Cotas de Reserva Ambiental – CRA, quando couber.
Na quarta e quinta-feira, dias 1º e 2 de junho, as palestras foram realizadas por Norton Hayd Rego, professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) de Aquidauana. Ele abordou temas técnicos, como a coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes; o plantio em saquinhos, tubetes ou recipientes alternativos (como caixas de leite ou garrafas pet); a irrigação, adubação, além das principais pragas e doenças.
Outro tema que chamou a atenção foi a preparação do substrato, substância onde a semente é plantada. "Cada substrato está relacionado ao tipo de planta. Algumas são mais resistentes à seca, outras não, cada uma tem uma característica. É preciso fazer uma composição para adequá-lo", explicou.
Nesta sexta, o grupo fará identificação de matrizes e coleta de sementes em árvores no entorno da Embrapa Pantanal, bem como o beneficiamento delas. À tarde os participantes vão preparar substratos, distribuir em saquinhos e fazer o plantio das sementes coletadas.
A pesquisadora da Embrapa Pantanal Catia Urbanetz, organizadora do curso, ficou satisfeita com a participação dos palestrantes e do público. "A procura pelo curso foi muito grande e por isso tivemos que encerrar as inscrições antes do previsto. Contamos com a presença de pessoas que vieram de Campo Grande para prestigiar o conteúdo das palestras". Ela avalia que esse tema é importante e bastante atual, por conta do Novo Código Florestal e com essa realização a Embrapa e seus parceiros estão atendendo a essa demanda da sociedade.
O PROJETO BIOMAS
O Projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas.
O Projeto Biomas tem o apoio do SENAR, SEBRAE, Monsanto, John Deere e BNDES. No Pantanal, o Projeto Biomas é coordenado pela Embrapa Pantanal, com o apoio da Embrapa Florestas, e conta com a colaboração das Universidades Federais do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e da Grande Dourados (UFMT, UFMS e UFGD), Universidades Estaduais do MS e MT (UEMS e UNEMAT) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO).
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Fonte: Canal do Produtor