Os altos custos de produção e condições climáticas desfavoráveis pressionaram e o preço do leite registrou alta de 14,3% entre maio do ano passado e o mesmo mês deste ano. Mas o aumento não beneficiou os produtores que enfrentam elevação nos seus custos de produção.A dificuldade para os pecuaristas poderá ser maior no início da safra, em setembro, já que os preços podem cair com a elevação da oferta.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), houve aumento de 4,5% no valor do litro em maio na comparação com abril, para R$ 1,265.
De acordo com o analista de Leite do Cepea, Wagner Hiroshi, um dos principais motivos para o reajuste é o clima, que prejudicou as pastagens e fez com que os produtores usassem ainda mais ração animal. A chuva chegou atrasada, e veio forte. Ao invés de ajudar na pastagem, atrapalhou , disse.
O presidente da Associação de Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, aponta justamente a falta de pastagem como o entrave central. Se não tiver comida e tratamento adequado, não adianta chover , disse. Ele estima que de 30% a 40% do rebanho brasileiro seja especializado na produção de leite.
Nesse caso, a alternativa é comprar o milho, considerado a principal ração animal. No entanto, a commodity dobrou sua cotação no mercado interno no último ano por conta do demanda aquecida para a exportação.
Além disso, a queda no Produto Interno Bruto (PIB) do País resultou em consumidores mais retraídos. A indústria está com dificuldades de repassar o preço ao consumidor final por conta da crise econômica , acrescentou Hiroshi.
Escassez
Um terceiro fator para o aumento de preços é a escassez do produto no mercado. Com a queda de produtividade, a indústria tem encontrado empecilho para comprar leite dos produtores e repassar aos varejistas. Segundo o Índice de Captação de Leite (Icap) do Cepea, houve queda de 18,4% na captação de janeiro a maio.
A região Sul registrou as maiores reduções na produção, com -6,97% no Rio Grande do Sul, de -6,12% em Santa Catarina e -1,16% no Paraná.
Com o aumento de preço, produtores de queijo, que compram leite, têm deixado de fabricar o derivado pelo risco de não encontrar demanda. Eles tem vendido o próprio leite, que diminui o risco e é mais vantajoso , disse Hiroshi.
Outro motivo da alta dos últimos doze meses foi a defasagem de preço aliada ao aumento dos custos de produção, como insumos dolarizados e gastos com frete.
Segundo Jorge Rubez, da Leite Brasil, o preço do leite não era reajustado há pelo menos dois anos. O produtor bancou os custos maiores e produzia abaixo da margem , declarou.
Não há uma estimativa para a próxima safra, mas Rubez acredita que haverá queda na produção. No total, o período 2015/2016 registrou 35 bilhões de litros de leite.
Desempenho
O preço para o consumidor pode começar a cair só no começo da próxima safra, em setembro. É porque, com o fim do El Niño, o clima estará mais consistente e haverá maior disponibilidade de pastagens, reduzindo os custos.
A partir do momento em que a chuva voltar, a qualidade do pasto melhora, o custo de produção cai, aumenta a produção e a produtividade e começa a aumentar a oferta.
No entanto, a maior disponibilidade de leite pode prejudicar os produtores, já que muitos deles estão com dívidas da safra passada.
A produção brasileira de leite vai de acordo com o consumo , disse Rubez.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor