Pressionados pela última colheita histórica de 987,7 milhões de toneladas e pela projeção de mais uma safra recorde na temporada 2014/15 com 988,1 milhões de toneladas ao redor do mundo, os estoques mundiais de milho podem chegar neste ano a 189,2 milhões de toneladas – atingindo o maior número dos últimos 15 anos, conforme estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês). Para se ter uma ideia, em 11 anos esse volume cresceu mais de 80% – na safra 2003/2004 o total estocado era de 103,9 milhões de toneladas. É verdade que o consumo também aumentou de lá para cá, mas não no mesmo ritmo que a produção. Há 11 anos o total consumido não passava de 643,9 milhões de toneladas e a projeção do USDA para este ano é de 971,2 milhões de toneladas – acréscimo de pouco mais de 50%. No Brasil, apesar do aumento da produtividade, a safra nacional de milho estimada pela Consultoria Safras & Mercado é de 75,48 milhões de toneladas contra as 77,18 milhões de toneladas obtidas no período anterior. Isso porque a área cultivada reduziu em 938,57 mil hectares, chegando a 14,14 milhões de hectares. Conforme o analista do mercado de milho da Safras & Mercado, Paulo Roberto Molinari, a cotação do grão vai depender da safrinha brasileira no segundo semestre e do perfil da safra norte-americana.
- O clima nessas duas safras comandará a volatilidade dos preços. Por enquanto, o câmbio e o baixo preço na Bolsa de Chicago pressionam o mercado interno – esclarece.
O gerente de propriedade, Valmor Hupps, já decidiu: vai aguardar os preços reagirem. Ele considera um valor interessante para cobrir os custos de produção, que hoje somam cerca de 110 sacas/ha, na faixa de R$ 26/saca – mesmo patamar praticado na época da colheita no ano passado.
- Vamos esperar lotes com preços melhores. Temos uma safra de segurança para segurar a produção por um ano e especular o mercado – revela Hupps.
Mas o analista de mercado antecipa que dificilmente a saca do cereal ultrapassará R$ 25 em 2015.
- Os preços médios devem ficar entre R$ 21/saca e R$ 25/saca, principalmente por causa dos estoques mundiais que são os maiores desde a safra 1999/2000 – prevê Molinari.
Mesmo diante da incerteza do mercado, Hupps não tem dúvidas que cultivar o cereal nesta safra foi um bom negócio.
- Com 180 sacas/ha tem que tirar 70 sacas/ha na soja. Em ano que o clima ajuda, o milho rende mais por hectare que a soja – compara Hupps.