A Bayer, multinacional alemã com atuação no setor químico, fez uma oferta de aquisição da Monsanto, produtora norte-americana de sementes e agrotóxicos, ao Conselho Administrativo da empresa. Detalhes da proposta não foram anunciados, assim como não há indícios de que a Monsanto possa ou não aceitar os termos.
Se confirmado, o acordo deve superar a cifra de US$ 42 bilhões, equivalente ao valor da Monsanto no mercado de ações. Em comunicado, a empresa confirmou ter recebido a proposta apontando que se trata de uma oferta “não solicitada” de aquisição. O conselho da empresa está analisando os termos e afirmou que não há garantia de que o acordo irá ocorrer.
Nesta quinta-feira (19/5), a Bayer confirmou que executivos haviam se encontrado com representantes da Monsanto para discutir uma possível aquisição, afirmando que o acordo “criaria um líder integrado no setor de agronegócio”. Uma eventual confirmação do acordo entre as empresas poderia resultar num negócio de US$ 67 bilhões em vendas anuais, criando a maior companhia de sementes eagrotóxicos do mundo. Além disso, seria a consumação de uma rodada de consolidações verificada no último semestre, que já teve a fusão entre Dow Chemical e DuPont, assim como a compra da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina.
Pessoas próximas à Monsanto levantam dúvidas sobre o interesse da empresa no acordo, assim como apontam que poderia haver dificuldades em obter a aprovação de órgãos reguladores.
Para a Bayer, adquirir a Monsanto, maior vendedora global de sementes, aumentaria a atuação da empresa no setor agrícola, que atualmente representa cerca de 22% das vendas da alemã. Com os US$ 15 bilhões em vendas por ano da Monsanto, o agronegócio passaria a representar 40% do negócio, com o restante oriundo de produtos farmacêuticos e de saúde.
A combinação das empresas ofereceria 28% de participação no mercado de agrotóxicos, cerca de 36% do mercado de sementes transgênicas de milho e 28% do mercado de soja nos Estados Unidos, conforme estimativas do Morgan Stanley.
A oferta da Bayer ocorre num período de pressão sobre as empresas do agronegócio, com três anos consecutivos de queda dos preços, que derrubaram os lucros dos produtores norte-americanos aos menores níveis em mais de uma década. Como resultado, empresas produtoras de sementes cortaram os preços, reduziram o investimento em pesquisa e demitiram funcionários.
Os portfólios são geograficamente complementares, com presença forte da Monsanto na América do Norte, enquanto a Bayer tem mais mercado na Europa e Ásia.
Produtores, por sua vez, temem que, com a consolidação do setor, a concorrência seja prejudicada, resultando em elevação de preços e menos opções de insumos e sementes.
Na avaliação do Banco Bernstein, uma aquisição pode não ser a melhor alternativa.
- A compra da Monsanto pela Bayer não faz sentido financeiramente. Uma fusão seguida por divisão, no entanto, nos moldes da operação entre Dow e DuPont, é possível e pode criar mais valor – afirma o analista Jeremy Redenius, apontando que a divisão de sementes e agrotóxicos poderia ser separada.
Já a consultoria Warburg Research aponta que, caso confirmado, o acordo acarretaria em desinvestimentos e reestruturação financeira na Bayer. Após o anúncio da oferta, as ações da Bayer recuavam mais de 7% na Bolsa de Frankfurt, enquanto as ações da Monsanto avançavam 7,5%.
Fonte: Globo Rural