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CONSUMO DE CAFÉ TORRADO E MOÍDO EM NÍVEL GLOBAL DEVERÁ CRESCER A UMA TAXA ANUAL SUPERIOR A 5% NO PERÍODO DE 2016 A 2020

Quanto à produção global de café, a mais recente edição do Relatório Internacional de Tendências do Café (VOL.5, Nº 03, 27 abril 2016), do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, traz uma análise bastante interessante acerca da produção da cafeicultura. Segundo o Bureau, com base em dados e números da produção agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), num período de uma década, compreendida entre as safras 2005/2006 e 2014/2015, o continente americano produziu em torno de 60% do total da safra mundial de café.
Nessa década analisada, o Bureau destaca no seu Relatório que a produção global teve um incremento de 27,2%, percentual muito próximo ao crescimento observado no continente Americano, que foi de 27,1%. Tais números mostram que a América, como um todo, na produção de café, manteve no período observado, crescimento compatível com a oferta global, sem perder a sua participação no mercado, mas, obviamente sem ampliar a sua atuação nesse mercado.
Se compararmos esses dados, no mesmo período estudado, com a produção africana, que cresceu 11,6% e a asiática, com 33,7%, de acordo com os estudos do Bureau, verificaremos que na Ásia o crescimento foi puxado principalmente pelo Vietnã, enquanto que na América o Brasil é que tem contribuído há décadas com a maior participação nesse mercado.
Em complemento, destaca o Relatório, que a análise do desempenho individual dos cinco maiores produtores de café do continente americano, cujo primeiro, com aproximadamente 33% da produção mundial, é o Brasil, mostra resultados interessantes. Nessa década estudada, três países apresentaram crescimento nas suas respectivas produções: Honduras (56,1%), Peru (19,8%) e Colômbia (11,3%); e dois apresentaram redução: Guatemala (-9,4%) e México (-21,4%). Contudo, esses países foram afetados por um surto de ferrugem a partir de 2011/2012 e ainda estão se recuperando. A despeito do crescimento verificado em Honduras e Peru, no comparativo de dez anos, a produção desses países em 2014/2015 foi inferior à do melhor ano da série, que para ambos foi 2011/2012.
O Bureau salienta ainda em seu Relatório que para fins desse estudo foram utilizados dados do USDA, o qual divide o continente Americano em quatros regiões produtoras de café: América do Sul, América Central, América do Norte e Caribe. A América do Sul, que possui os dois maiores produtores da região (Brasil e Colômbia), produziu 80,9% de todo o café colhido no continente na safra 2014/2015. A América Central respondeu por 14,4% do total, a América do Norte (México) foi responsável por 3,8% e o Caribe responde por menos de 1%. Vale a pena ler o Relatório e conferir esse estudo.
No que concerne ao mercado consumidor global de café torrado e moído, as análises descritas no Relatório apontam que esse mercado deverá crescer a uma taxa composta anual superior a 5% no período entre 2016 e 2020, impulsionado pelo aumento da cultura e do hábito do consumo de café verificado em vários países do mundo. E, mais que isso, que as vendas de café torrado e moído têm sido impulsionadas pelo aumento do fluxo de pessoas em centros urbanos, estimulando assim a abertura de novos estabelecimentos de serviços alimentícios e cafeterias, bem como pela ascensão das economias de países emergentes.
Nesse mesmo mercado de aumento de consumo verificado em vários países, as análises do Bureauapontam que o segmento internacional de cafeterias passa por forte expansão em todo o mundo, com destaque para os continentes norte-americano, europeu e asiático. Tais fatos podem indicar, de acordo com o Relatório, busca por mercados menos maduros e com melhores expectativas de crescimento e ainda a tentativa de diversificação dos riscos de operação ou mesmo investimento em mercados considerados mais maduros, porém seguros e já bem conhecidos por estas empresas.
O Relatório também sinaliza, e não poderia ser diferente, que a questão da sustentabilidade continua a ser importante tópico de discussão no mercado consumidor de café, seja por fatos relacionados à redução dos resíduos criados pelo descarte de copos descartáveis, entre outros, com cafeterias que utilizam energia limpa, matéria-prima orgânica e tratamento adequado de todos os resíduos gerados por sua operação. Por fim, destaca-se também uma demanda geral por melhoria de qualidade dos grãos comercializados, o que implica adoção de cafés diferenciados e especiais, melhoria dos processos e adoção de novos métodos de preparo em restaurantes e outros segmentos afins.
Em relação especificamente ao Brasil, o Bureau enfatiza que, em períodos econômicos instáveis e com elevado nível de desemprego, a exemplo do que é vivenciado atualmente no nosso País, as franquias de cafeterias podem ser uma boa opção para empreendedores e mercado. Isso porque, segundo o Relatório, em sua maioria, as cafeterias já contam com uma marca bem estabelecida e reconhecida no mercado, oferecem treinamento e apoio em áreas como marketing, produção e finanças e, por vezes, apresentam opções com baixa necessidade de investimento inicial.
E conclui suas análises em relação a esse tópico ressaltando que "O segmento de cafeterias é também interessante para novos empreendedores, uma vez que o setor alimentício tende a não ser tão afetado quanto outras áreas em períodos de crise econômica. Por trabalhar diretamente com o público, os empresários neste mercado devem dar grande importância à qualidade do atendimento ao cliente, conhecendo-o bem e adaptando suas estratégias a seu público-alvo. Como os jovens são os grandes responsáveis pelo aumento de consumo da bebida em todo o mundo, tendo grande influência também no Brasil, é interessante a adoção de estratégias direcionadas a redes e mídias sociais, bem como utilização de tecnologias que facilitem o pagamento, melhorem a experiência de consumo e aumentem a interação cliente/empresa".
Relatório Internacional de Tendências do Café – Produzido na UFLA, uma das dez instituições fundadoras do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, faz parte do projeto do Consórcio denominado "Criação e Difusão de Inteligência Competitiva para Cafeicultura Brasileira". O projeto é financiado pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, e tem o objetivo de monitorar, analisar e difundir informações e indicadores relevantes para a competitividade da cafeicultura brasileira, bem como propor soluções estratégicas para os problemas enfrentados pelo setor. As edições do Relatório estão disponíveis no portal da Ufla e no site do Obervatório do Café.
Fonte: Cultivar

Fonte: Canal do Produtor



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