A consultoria Agroconsult projetou que a cotação média de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) será de US$ 9,50 por bushel a longo da temporada 2015/2016. O número representa alta em relação à projeção divulgada anteriormente, de que os preços ficariam em torno de US$ 9 por bushel. De acordo com Fabio Meneghin, sócio analista daAgroconsult, que apresentou os números durante evento do Rally da Safra realizado em Cascavel (PR) ontem,
- Esta safra deve ser a primeira em que se registra déficit de produção no mercado mundial, após três safras consecutivas de acúmulo de estoques – afirmou.
Na projeção da Agroconsult, a produção mundial no ciclo atual será de aproximadamente 315 milhões de toneladas, enquanto o consumo deve totalizar 318 milhões de toneladas.
Para a safra 2016/2017, a oferta mais apertada torna o cenário “ainda mais construtivo” para os preços, afirmou o analista. A Agroconsult projeta que a cotação da oleaginosa na CBOT deve ficar, em média, em US$ 10,50 por bushel no próximo ciclo. Em fevereiro, a consultoria previa que os preços deferiam ficar entre US$ 9,50 a US$ 10 por bushel na próxima temporada. Ontem, a soja fechou o pregão cotada a US$ 10,30 por bushel.
A redução da produção na Argentina e nos Estados Unidos deve dar suporte aos preços. Na Argentina, as perdas causadas pelas fortes chuvas levaram à diminuição da área a ser colhida. Enquanto isso, nos Estados Unidos, já no ciclo 2016/2017, as lavouras devem ser afetadas pelo fenômeno climático La Niña, que normalmente reduz o rendimento das lavouras. A Agroconsult projeta que a área semeada nos EUA será de 32,9 milhões de hectares, com produtividade média de 51,4 sacas por hectare, abaixo das 53,8 sacas por hectare da safra 2015/16. Com isso, a produção do país norte-americano deve cair 5,5% ante a ciclo anterior, para 101 milhões de toneladas.
Em contrapartida, a demanda da China não deve recuar.
- A economia da China está desacelerando, mas em bens duráveis e mercado imobiliário. O consumo de proteína, soja, óleo e farelo, não deve desacelerar – explicou o analista.
O país asiático deve importar, em 2015/2016, 85 milhões de toneladas, ante 78 milhões de toneladas na temporada passada. Para a safra 2016/2017, a Agroconsult espera a manutenção do volume de compras em 85 milhões de toneladas.
Argentina
A Agroconsult projeta que as fortes chuvas na Argentina podem ter causado a perda de 1 milhão de hectares semeados com soja na temporada 2015/2016. De acordo com a projeção, foram semeados 20,3 milhões de hectares com soja no país, mas apenas 19,3 milhões de hectares serão colhidos. Segundo Fabio Meneghin, coordenador da Equipe 9 do Rally da Safra, as chuvas fortes que atingiram as terras argentinas em abril causaram alagamentos em algumas lavouras, e havia relatos de que os grãos, em ponto de colheita, começavam a germinar ainda naslavouras.
Levando em conta as perdas, a perspectiva de rendimento é de 48 sacas por hectare, abaixo das 53 sacas por hectare reportadas na temporada anterior. A produção argentina de soja em 2015/2016 foi projetada em 55 milhões de toneladas pela Agroconsult,
- Uma quebra de safra entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas, já que o potencial produtivo era de 62 milhões a 63 milhões de toneladas – afirmou Meneghin.
Na safra 2014/2015, os agricultores argentinos colheram 61 milhões de toneladas de soja.
Para a próxima safra argentina, a Agroconsult projeta que a área semeada deve se manter estável ou poderá apresentar leve retração ante a temporada 2015/2016. Meneghin explicou que os agricultores do país sul-americano devem ter maior incentivo ao plantio de milho e trigo no próximo ciclo. No caso do milho, a escassez do cereal no Brasil no início de 2016 cria a perspectiva de maior demanda para exportação para os agricultores argentinos. Além disso, o governo do presidente Mauricio Macri, retirou o imposto sobre a exportação de milho e trigo, antes em 23% para o trigo e em 20% para o milho, enquanto apenas reduziu a tributação para os embarques de soja.
Fonte: Globo Rural