Com o saldo de US$ 4,86 bilhões na balança comercial, no último mês de abril, o Brasil obtém o maior superávit mensal de 2016. As exportações totalizaram US$ 15,37 bilhões, com US$ 10,51 de importações, conforme os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), na segunda-feira, (02/05). O resultado é quase nove vezes superior ao obtido no mesmo mês do ano passado, quando o saldo foi de US$ 490,21 milhões. O setor agropecuário permanece como destaque na pauta de exportação, contribuindo para a melhoria da economia do país.
O desempenho dos 15 principais produtos do agronegócio exportados, em abril, garantiu ao país US$ 6,72 bilhões, o que representa 43,7% do total das exportações brasileiras. No mês, os destaques foram a soja em grão (US$ 3,53 bilhões em vendas), a carne de frango (US$ 533 milhões) e o farelo de soja (US$ 452 milhões).
Com a exceção do farelo de soja, os demais produtos tiveram aumento nas exportações, frente a abril de 2015, o que indica tendência de crescimento nas vendas externas e queda nas importações. No último mês, as exportações cresceram 1,4%. Já as importações retraíram em 28,3%, em parte, por causa da alta cotação do dólar. A moeda americana, que custou em média R$ 3,04, em abril de 2015, teve um valor médio de R$ 3,55 no mesmo mês de 2016. Simultaneamente, o esfriamento da economia brasileira tem contribuído para a redução das importações do país. Apesar disso, o MDIC revela que as importações de alimentos e bebidas ficaram praticamente estáveis no período, caindo apenas 2,3% entre os meses de abril de 2015 e 2016.
Um produto se destacou em meio aos bons resultados de exportações do agronegócio. Entre abril de 2015 e 2016, o valor das exportações de soja em grão cresceu 39,4%. Os US$ 3,53 bilhões arrecadados com a venda da oleaginosa representaram 23% das exportações brasileiras no mês. Em volume, essas exportações somaram 10,09 milhões de toneladas, sendo as maiores em um mês de abril, desde o início da série histórica, em 1997.
O resultado é explicado, em parte, pelo crescimento do preço internacional da soja, verificado na última semana de abril, chegando a R$ 81,91/saca no último dia 29 de abril. Esse valor foi 26% maior que no mesmo dia de 2015, segundo o indicador Soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá.
Além disso, o cumprimento dos contratos futuros, firmados no fim do ano passado, contribuiu para o desempenho das exportações, deste mês. Ainda que, entre outubro e dezembro de 2015, o preço da soja tenha atingido o seu ponto mais baixo no mercado internacional, a desvalorização do real frente ao dólar americano fez com que o valor da saca registrasse seu maior valor no mercado interno. A boa cotação da saca incentivou o produtor brasileiro a antecipar suas vendas e a firmar contratos futuros de venda de soja, que estão sendo cumpridos neste período do ano.
Por outro lado, a moeda brasileira, que vinha perdendo valor frente ao dólar, voltou a se valorizar nos últimos meses. Essa valorização, no entanto, foi compensada pelo aumento nos preços internacionais da soja. Assim, o produtor brasileiro conseguiu manter sua rentabilidade e ampliar a quantidade de suas exportações em 25,7% frente a abril de 2015.
Além desses fatores, a variação das exportações entre 2015 e 2016 é, também, explicada por questões internas. Em abril do ano passado, importadores de soja brasileira esperavam uma safra recorde no Brasil e comercializaram menos produtos naquele mês, na expectativa de uma redução futura nos preços, decorrente do aumento da oferta, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Entretanto, houve atraso na colheita, greve dos caminhoneiros e o incêndio na região do Porto de Santos, o que prejudicou os embarques de soja naquele ano.
O crescimento nas exportações de soja em abril de 2016 se deveu, portanto, a uma combinação de diversos fatores, domésticos e internacionais, contribuindo para melhorar ainda mais a situação do exportador brasileiro, que bate recordes de vendas externas de soja.
Fonte: Diário de Cuiabá