O excesso de chuvas nas últimas semanas na Argentina pode resultar em perdas de até US$ 2 bilhões para produtores de soja, disseram analistas. Para o governo argentino, que taxa as exportações do grão em 30%, isso pode representar uma perda de arrecadação de até US$ 600 milhões.
Tem chovido quase ininterruptamente nas províncias de Buenos Aires, Córdoba, Entre Rios e Santa Fé. Segundo alguns especialistas, isso está destruindo a soja de uma forma nunca antes vista.
- Acho que a produção vai diminuir bastante – disse o vice-presidente da corretora Panagrícola, Ricardo Baccarin.
Ele reduziu em 6 milhões de toneladas sua estimativa de produção, para cerca de 55 milhões de toneladas. Apenas algumas semanas atrás, analistas estavam projetando uma colheita de aproximadamente 60 milhões de toneladas, em linha com a do ano passado.
Em muitas áreas, estradas de terra e campos estão encharcados, impedindo a colheita. Além disso, o excesso de umidade está fazendo a soja brotar antes de ser colhida. Isso significa que, mesmo que produtores consigam retirar o produto do solo, talvez não consigam comercializá-lo.
- Estou nesse negócio há 35 ou 40 anos e nunca vi isso acontecer – disse Baccarin.
Cerca de 20% da safra foi colhida até agora, segundo Rodolfo Rossi, presidente da Acsoja, uma associação do setor. Normalmente, a colheita deveria estar em 40% nesta época do ano, afirmou.
- Os trabalhos estão interrompidos em muitas áreas. Para ele, ainda é muito cedo para avaliar os danos causados pela chuvas, mas em quatro ou cinco dias ficará mais claro se estimativas como a de Baccarin estão certas – falou.
Boa parte da indústria de soja já sente os efeitos das chuvas, disse Rossi, observando que algumas processadoras suspenderam ou desaceleraram a produção. De acordo com ele, os danos à safra deste ano são irreversíveis.
- Só esperamos que a situação não piore – falou.
Fonte: Globo Rural