Em 2013, a Embrapa e seus parceiros organizaram o congresso “Sistemas Agroflorestais e Desenvolvimento Sustentável: 10 anos de pesquisa” (SAFs+10), com a participação de acadêmicos, pesquisadores e técnicos do País, propondo um ambiente de discussão, focado no desenvolvimento dos sistemas de produção. Quase dois anos depois, o evento apresenta mais um resultado, a obra “Sistemas agroflorestais – a agropecuária sustentável”, editado pela Embrapa e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), pelas mãos dos pesquisadores Fabiana Villa Alves, Roberto Giolo de Almeida e Valdemir Antônio Laura.
- Tínhamos uma quantidade considerável de informações sobre os sistemas silvipastoris e integração lavoura-pecuária-floresta durante o SAFs+10, com dados dos Biomas brasileiros e a carência de informações, em linguagem técnica e com embasamento científico, motivou o lançamento – explica Fabiana Villa.
A zootecnista relata que para a confecção do livro houve uma reorganização de todo o conhecimento apresentado durante os SAFs+10, com a construção lógica dos dados.
Na formação desse trabalho, 17 especialistas de várias instituições, entre elas, a Fundação MS, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Faculdade Metropolitana de Curitiba (Famec), reuniram-se com pesquisadores das Unidades Gado de Corte, Gado de Leite, Milho e Sorgo, Florestas, Pecuária Sudeste e Acre da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para alinhavar as 195 páginas da obra.
A descrição dos sistemas integrados na Amazônia brasileira, em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e na região sul do Brasil é percorrida em nove capítulos, acompanhada de relatos técnicos sobre a relação da emissão de gases de efeito estufa, do bem-estar animal, das forrageiras tolerantes ao sombreamento e do ideótipo de espécie arbórea com os sistemas de integração lavora-pecuária-floresta. E a publicação abre com os dez anos de pesquisas em sistemas agroflorestais em solos sul-mato-grossenses.
Valdemir Laura integrava a equipe que trouxe para a Unidade da Embrapa em Campo Grande-MS o desafio de inserir o componente florestal na pecuária extensiva. Na época, a pesquisadora Maria Luiza Nicodemo.
- Preocupada com o aspecto ambiental, e depois de uma ampla revisão de publicações disponíveis até 2002, motivou-nos a encarar os sistemas silvipastoris no Estado – conta Laura.
Em 2003, o grupo aprovou o primeiro projeto relacionado ao assunto pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).
- O objetivo era arborização das pastagens para melhorar o bem-estar animal, oferecendo sombra, e aumentar o componente arbóreo, tão escasso em pastagens extensivas – afirma.
O pesquisador recorda que no início os trabalhos despertavam desconfiança por ser uma nova linha de pesquisa, isso exigiu muito estudo, discussão e intercâmbio entre os especialistas.
- O experimento inicial conduzido com eucaliptos foi um sucesso, o que não aconteceu com as espécies nativas – relembra.
Diante disso, a equipe focou os projetos futuros em eucaliptos.
- É uma realidade para o Estado e para o Cerrado brasileiro os sistemas silvipastoris – testemunha Laura.
A Unidade mantém experimentos de grande porte em seu campo experimental em Campo Grande-MS, envolvendo mais de 20 profissionais, e integra a rede de pesquisa em sistemas integrados, porém é “necessário avançar com espécies nativas para incluir nos sistemas”, frisa. Apesar do comprovado sucesso a adoção de sistemas integrados ainda é lenta, mas se apresenta constante e crescente nos últimos cinco anos, seja pelo estimulo de crédito, pelas ações de P&D e de TT e/ou, principalmente, pelos resultados positivos das tecnologias em sistemas reais, completa Roberto Giolo.
– cenário de demanda por aumento na eficiência da agropecuária – maior oferta de produtos de melhor qualidade e menor impacto ambiental para uma mesma unidade de área agricultável, impulsionará a adoção – explica Giolo.
Fabiana Villa, Roberto Giolo e Valdemir Laura resumem que o “livro é uma reflexão após dez anos de início de trabalhos com sistemas silvipastoris. Em parte, são respostas aos questionamentos iniciais de 2003 e reflexões das demandas atuais e perspectivas”. Segundo eles, a parceria com o Senar tornou palpável o projeto, com primeira tiragem de 500 exemplares, que também está disponível em versão digital, www.embrapa.br/dinapec.
Fonte: Rural Centro