O céu azul e com poucas nuvens dá o aviso. Presente nas duas últimas safras, o El Niño e sua chuva farta, começa neste mês a se despedir, abrindo espaço para a chegada do La Niña, fenômeno climático reverso, que costuma ser marcado pela escassez de precipitação no sul do Brasil. Com o custo das lavouras cada vez mais elevado, a mudança do clima acende o sinal de alerta nos produtores: qualquer hectare perdido pesa no bolso.
Rogério Ceolin, que está colhendo uma média de 35 sacas por hectare, investirá somente o necessário no próximo ciclo Foto: Diogo Zanatta / Especial
Os primeiros efeitos devem aparecer no segundo semestre deste ano, antes do início do plantio do próximo ciclo, mas meteorologistas ainda não conseguem afirmar com precisão a intensidade do fenômeno. É uma resposta-chave para definir se a preocupação dos sojicultores é exagerada ou não.
Com 5,5 mil hectares de terra entre Joia e Tupanciretã, no noroeste do Estado, a família Ceolin planeja a futura safra prevendo um cenário adverso. Depois das perdas em função de pouca chuva –, a produtividade média foi de 35 sacas por hectare, enquanto em outras regiões chega a 60 sacas por hectare –, a meta é minimizar o prejuízo.
– A ideia é fazer uma lavoura barata, investindo apenas o necessário para que, se chover, as plantam consigam se desenvolver bem, mas, se houver seca, não perderemos tanto – afirma Rogério Ceolin, 41 anos.
Por conta da incerteza do cenário político-econômico, os insumos, que nesta época, no ano passado, já estavam comprados, ainda não foram negociados. E não haverá novos investimentos, o agricultor decidiu apenas pagar os contratos já assumidos, como a colheitadeira e o trator comprados em 2014. Já a plantadeira que vinha sendo sonhada pela família ficará para mais adiante:
– Até tem linhas de crédito disponíveis, mas com juros mais altos. E com a incerteza da próxima safra, vamos esperar.
Fonte: Zero Hora